Sabe aquela viagem que, mesmo no dia da volta, você já está querendo repetir? A sensação de que faltou tempo para ver e conhecer tudo o que você desejava pode ser comum em alguns destinos. Se fôssemos fazer uma lista de “cidades inesgotáveis”, Nova York certamente figuraria entre as principais. A Big Apple tem uma infinidade de atrações para qualquer tipo de público.
Experimentei um curto e “diferentão” roteiro de três dias na cidade, misturando clássicos turísticos com algumas novidades para o cardápio de viajantes inquietos: um museu interativo voltado para fãs da NFL, um bar que faz você se sentir em Nashville, um novo musical na Broadway, um tour que o transporta para a Itália, um aquário multimídia e uma peça de teatro imersiva encenada em um prédio inteiro. Para completar a experiência, voo em classe executiva e hospedagem em um dos hotéis mais descolados e disputados na Times Square – uma bela sequência para marcar vários x nos checklists de vida.
NFL Experience
No coração da Times Square, fica a NFL Experience, uma atração para os amantes do futebol americano e de esportes em geral inaugurada em dezembro passado. A alta dose de interatividade faz com que você saia querendo ser parte da turma de Tom Brady.
O passeio começa em um museu com artigos históricos das equipes da liga americana, tudo doado por elas mesmas ou por fãs colecionadores. Há mesas touchscreen com informações de times e atletas históricos – você pode inclusive sugerir pelo Twitter algum que não esteja na lista. Na sequência, está uma sala de cinema que projeta um filme com belas imagens de partidas da NFL – a projeção 4D com poltronas de muito movimento e uma imagem 4K em 180 graus garantem 10 minutos de adrenalina.
Dali, direto para o treino: o visitante passa por uma área onde ele testa suas habilidades e seu condicionamento dentro do jogo, desde altura do pulo até o quanto de força ele consegue para segurar um adversário. Também faz sucesso a seção onde você testa suas habilidades como quarterback, lançando a bola (ou tentando, no meu caso) e comparando com os outros visitantes quem registra o melhor índice de acertos. Para fechar, uma área totalmente dedicada ao Super Bowl – a grande partida final da liga de futebol americano.
Visite
West 47th com 7th Ave, na Times Square. Ingressos a partir de US$ 29. Mais em nflexperience.com
Frozen – The Musical
Os musicais da Broadway são uma atração quase obrigatória em NY, ainda mais quando marinheiro de primeira viagem, como foi meu caso. As ofertas são muitas e, à noite, as ruas da região ficam repletas de pessoas em filas para acessar os espetáculos. Nosso grupo foi convidado para o preview do musical Frozen, da Disney, que estreou em março no St. James Theatre.
Apesar de musicais não serem o meu forte, é impossível não voltar à época de infância, quando devorava qualquer fita VHS de desenhos Disney: a peça é encantadora! A história das princesas Elsa e Anna (Caissie Levy e Patti Murin) é contada de forma brilhante com canções originais dos criadores da trilha sonora do filme, Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez. As músicas realmente empolgam. Destaque para o elenco de crianças (Audrey Bennett e Mattea Conforti), coisa mais fofa!
Em dois atos e mais de duas horas de duração, Frozen também chama atenção pela estrutura: luzes, sons e efeitos especiais transformam o vultoso palco praticamente em uma tela de cinema – é difícil acreditar que tudo aquilo esteja sendo executado ao vivo na sua frente.
Assista
St. James Theatre (246 W. 44th St). Ingressos a partir de US$ 80. Mais em frozenthemusical.com
National Geographic Encounter
Apesar de ser uma cidade cercada de rios que dão para o Atlântico, Nova York não tem grandes atrações voltadas à preservação desses ecossistemas. Aberto em outubro de 2017, o National Geographic Encounter veio ocupar essa lacuna para colocar o turista num mergulho tecnológico na ecologia.
O visitante experimenta estar em um aquário virtual: projeções de altíssima qualidade e efeitos sonoros montados por profissionais vencedores do Grammy estão no cardápio, trazendo recriações de momentos raros, tais como uma briga entre duas lulas-de-humboldt, um dos animais mais violentos dos mares. Todas as animações foram feitas com base nas experiências dos exploradores e fotógrafos da National Geographic, garantia de um belo visual para o passeio.
Um hotel com história
Em outubro de 1907, o New Mills Hotel foi inaugurado na esquina da 7th Ave com a 36th Street para hospedar a baixo custo operários nova-iorquinos. Em setembro de 2017, o prédio histórico, totalmente reformado, passou a abrigar o Moxy Times Square, projetado com intuito de receber os turistas da geração millennial também a um preço mais acessível – pelo menos em relação a seus vizinhos na área nobre de Manhattan.
A inspiração principal dos 612 quartos e espaços comuns do hotel é o ambiente de camping, com texturas de madeira. O conceito propõe ao viajante que tenha em seu quarto apenas aquilo de que ele precisa. Os detalhes do design são pensados para agradar o público hipster: o telefone retrô, o box da ducha que parece vindo de um clube de piscina americano, o balcão industrial. E tudo cheio de conexões, com wi-fi potente e TV dotada de sistema de screencasting para você ter acesso a todas a mídias de seu telefone. Também são interessantes as opções de quartos com dois beliches, ao estilo hostel.
O Moxy conta, ainda, com um dos maiores e mais disputados terraços-bar de NY, o Magic Hour Rooftop – que, com o avançar das horas, acaba virando uma balada (das fortes!).
Nova opção de voo
Em 15 de dezembro passado, o brasileiro ganhou uma nova opção de voo direto entre São Paulo e Nova York com o início da operação da Avianca Brasil ao aeroporto internacional John F. Kennedy. O Airbus A330-200 é configurado em duas classes de serviço: 206 assentos na Econômica e 32 na Business (Executiva), onde viajei (e descobri que quase 11 horas cruzando os céus pode ser algo confortável).
O conforto começa pela entrada no avião sem ter a costumeira fila e pelas poltronas que reclinam até 180 graus, além de um menu com carta de vinhos, jantar com opções de entrada, prato principal e sobremesa (todos assinados pelo chef Thomas Troisgros).
Mais atrações
Sleep No More
Imagine uma peça de teatro encenada em um prédio inteiro e em que o espectador está livre para andar, observar e tocar (quase) tudo – menos os atores. Essa é a receita do sucesso do off-Broadway Sleep No More, do grupo inglês Punchdrunk. A história é baseada em Macbeth, de Shakespeare, e encenada num antigo hotel do bairro de Chelsea, rebatizado de McKittrick Hotel.
Ao chegar, você é levado a um bar de jazz ambientado nos anos 1930, onde recepcionistas-atrizes já dão uma prévia do clima maluco que é a peça. Você pode beber algo (pago à parte) antes de ser conduzido ao acesso para os cinco andares do prédio em que rola a sessão. Todos os que a assistem usam macabras máscaras brancas, o que diferencia o público dos personagens. É proibido falar durante a apresentação.
A grande sacada é a possibilidade de subir e descer andares, percorrer os enormes cenários e as diversas salas em busca das atuações. As cenas ocorrem de forma não-linear, em looping, o que garante que cada um busque sua forma de ver e entender a peça. O público fica livre e pode seguir determinado ator ou tentar ver o máximo de atuações diferentes.
O ambiente todo é enigmático e inspira suspense: meia-luz e muitos efeitos sonoros macabros transformam o local em um perturbante filme noir ao vivo.
Sleep No More invoca o lado voyeur das pessoas – passado alguns minutos, você, sem perceber, vê-se seguindo atores escadas abaixo para ver a próxima atuação, sem medo de ser repreendido por isso (afinal, todo mundo está de máscaras!). Doses carregadas de tensão, sexo, violência e romance são despejadas sem pudor pelo competente elenco. Uma experiência que vale a pena ser feita e repetida.
Assista
530 W 27th St. Ingressos a partir de US$ 100 (é preciso agendar). Mais em mckittrickhotel.com
Opry City Stage
Nova York fica na parte nordeste dos EUA. Mas se você estiver a fim de sentir-se no sul do país, com música country, blues e bluegrass, além de uma culinária bastante característica, basta ir ao Opry City Stage.
O bar-restaurante e casa de shows é uma franquia do Grand Ole Opry, icônica casa de shows country de Nashville, uma das mais importantes dos EUA.
O Opry nova-iorquino tem um amplo espaço, muitas mesas, um bar com balcão e um imponente palco. No cardápio, o melhor da culinária do Sul, com muitos uísques de qualidade e uma carta de cervejas locais. Como estávamos em grupo, a sugestão da casa foi o Honky Tonk, uma enorme forma com diversos tipos de carne (claro que tinha costelinha de porco!) e Mac&Cheese (massa com muito, muito queijo). Para acompanhar, fui de Bronx IPA, cerveja de Nova York bastante saborosa. Enquanto rola o jantar, um quarteto muito competente faz uma baita apresentação da mais pura country music americana.
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*O fotógrafo viajou a convite da NYC & Company e da Avianca Brasil