Os moradores e veranistas que entram pela Avenida Central do balneário de Atlântida, em Xangri-lá, no Litoral Norte, encontram a praça central totalmente diferente daquela que existia no verão de 2023. A estrutura foi concedida à iniciativa privada em julho do ano passado e, desde então, passa por um processo de revitalização. Conforme a Bier Moreira Eventos Esportivos, empresa vencedora da licitação, a obra está mais de 80% concluída.
O complexo Roubadinhas Atlântida reúne um centro de gastronomia, esportes e convivência no centro do balneário. No local, já estão disponíveis para o público quadras para prática de esportes como beach tennis, futevôlei e vôlei com uma arquibancada. Além disso, já estão abertos restaurantes e quiosques que oferecem crepes, pizza e lanches em geral.
Em outro ponto da praça, algumas lojas de roupas e de decoração já estão abertas e outras finalizam a montagem da estrutura interna. Para as crianças, há uma área coberta com brinquedos e a roda gigante. Essas duas estruturas são pagas. O espaço do minigolfe, que ocupava uma parte da praça, foi reduzido e está localizado junto aos quiosques.
A Bier Moreira Eventos Esportivos já comanda outros complexos gastronômicos Vila Roubadinhas na Avenida Central de Atlântida e em Porto Alegre. Conforme as sócias da empresa Juliana e Laura Bier Moreira, a evolução dos trabalhos está muito à frente em relação ao que foi definido pelo edital.
— A Roda Gigante, por exemplo, deveríamos entregar somente no quarto ano do contrato de concessão (o tempo total é de cinco anos). No entanto, conseguimos parcerias e já foi possível oferecer a atração agora no verão. Poderíamos estar com apenas 20% da obra concluída, mas percebemos a importância e conseguimos entregar quase tudo — afirmou Laura Bier Moreira.
Entre os itens que ainda não foram finalizados está a pista de corrida e caminhada, o paisagismo – ainda é aguardada a chegada de mudas de oliveiras – e os banheiros. A fonte que fica bem em frente a praça foi restaurada e está pronta para funcionar. No entanto, o monumento contará com uma nova iluminação e, por conta disso, ainda não foi reinaugurado.
— Incluímos algumas coisas, como as oliveiras, que não estavam previstas no edital. Fizemos isso pensando em deixar um espaço acolhedor para todo o tipo de público, pensando no morador e no veranista — ressaltou Laura.
Projeto divide opiniões
Durante a visita de GZH à praça, era possível encontrar veranistas que estavam conhecendo o espaço, que, segundo eles, estava abandonado pelo poder público no verão passado. O metalúrgico Romário Zimmer, 36, é um deles. Morador de Feliz, no Vale do Caí, ele caminhava pelo local com a família e observava as mudanças.
— Antes as pessoas desviavam da praça, com medo, pois estava bem largado. Agora, está bem moderno. Os espaços interativos estão legais — avaliou Romário, enquanto fazia planos com a família de voltar a noite ao local.
Em outro ponto da praça central, a administradora Márcia Simone Machado, 49, passeava com a pinscher Aninha. Segundo ela, a mudança foi significativa no local, que tinha poucos atrativos para o público.
Durante o dia, Márcia afirma que era possível encontrar somente as pessoas que vinham passear com os pets. Já a noite, o público jovem tomava conta da rua e era constante o problema de brigas durante a madrugada.
— Agora quem frequenta é um público diferenciado, é mais família. Aqui tu não encontras mais aquela gurizada com som a todo volume. Além disso, é super iluminado durante a noite — ressaltou a administradora.
No entanto, há moradores que questionam a execução do projeto. Integrante do Movimento Horizontal Saneamento Já, que discute a situação do saneamento básico de Xangri-lá, a aposentada Elisabete Alfonsin, 63, afirma que, com a revitalização, a praça passa a integrar um problema que é da cidade.
— Nós não somos contra a infraestrutura, mas há esse problema com o saneamento que é de toda Xangri-lá. Com a revitalização, mais pessoas vão frequentar o local, de outras cidades, e a produção de esgoto vai aumentar. A cidade não possui estrutura de saneamento para isso — ressaltou.
O que diz a prefeitura
Procurada por GZH, a prefeitura de Xangri-lá afirmou que não há irregularidades sanitárias na obra de revitalização da praça central. Conforme o prefeito do município, Celso Bassani Barbosa, as estruturas montadas na praça estão ligadas ao esgoto da cidade, com o consentimento da Corsan e autorização do Ministério Público Federal. Ainda segundo o executivo, todo o esgotamento do munícipio é levado diretamente para estação de tratamento de esgoto da Corsan.
Edital de concessão ainda é investigado
Desde agosto de 2023, o Ministério Público Estadual (MP-RS) investiga uma denúncia feita por uma empresa que não participou do chamamento sobre a licitude da concessão. Por meio de nota, o órgão afirma que ainda está pendente uma análise técnica a respeito de procedimentos que foram adotados no processo licitatório.
Conforme o MP-RS, ainda não há uma conclusão definitiva a respeito de eventuais irregularidades. Também não foi confirmada uma previsão de encerramento da investigação.
A concessão da praça central dura cinco anos, prorrogáveis pelo mesmo período. Como contrapartida, além do investimento em calçadas, iluminação e paisagismo, a empresa pagará R$ 980 mil à prefeitura.