Apesar do céu nublado e promessa de tempo chuvoso, o cheiro do churrasco dominou as ruas de Atlântida, em Xangri-lá, desde as primeiras horas deste sábado (27). Ao longo de três quilômetros de churrasqueiras montadas na praia, assadores se reuniram para fazer "o maior churrasdo do mundo", conforme a organização entitula o Paleta Atlântida. Apesar da queridinha ser a paleta de cordeiro — que, inclusive, dá nome ao evento —, não há restrição para variedades.
Pelas tendas montadas, era possível encontrar os mais variados cortes, dos comuns às carnes exóticas. Leoni Bresolin, por exemplo, assava em fogo de chão carne de jacaré, pato e até coxas de avestruz com mais de 20 quilos cada.
— Começamos a assar a de avestruz às 6h. Como é uma carne muito grande, precisa de muitas horas para o calor chegar até o osso — explica Bresolin, que pretendia começar a servir a carne pelas 13h.
Apesar do tamanho do avestruz, o que mais chamava atenção era o jacaré. Era comum ver o público passando e perguntando de que carne se tratava.
— Gosto de preparar e aperfeiçoar o sabor. A dica que dou para o pessoal que tem um pouco de receio de provar ou até preparar é uma raspa de limão, pimenta do reino e sal. Nada demais — sugere Bresolin, que é diretor de uma empresa especializada na venda de carnes exóticas.
Além dos shows musicais, também eram atrações os chamados assadores celebridades. A paleta mais disputada era servida por Marcelo Bolinha, que acumula milhares de seguidores nas redes sociais.
— Está espetacular, o tempo nos ajudou, porque o sol não apareceu e também não veio chuva forte — disse Bolinha.
Morador de Porto Alegre, Denis Gouveia aproveitou para pegar um cordeiro com farofa.
— É o segundo ano que venho, é impressionante a quantidade de gente e disponibilidade de carnes — elogiou.
O evento, que ainda tinha ingressos à venda ao meio-dia, ainda reuniu 1,2 mil trios de assadores em um espaço de churrasqueira de três quilômetros.
Evento tipo exportação
A fama do evento chegou até o Uruguai, que, por coincidência, tem uma cidade litorânea com o nome da gaúcha Atlântida. Representantes do Ministério do Turismo do país vizinho vieram até o Rio Grande do Sul para acompanhar a montagem e buscar referências para produzir o evento no Uruguai. A data ainda não está confirmada, mas a previsão é que ocorra em dezembro do ano que vem.
— Podemos potencializar todos os estilos, do gaúcho e uruguaio. É importante estar aqui para podermos fazer o nosso paleta, em Atlântida, que fica em Canelones — disse Santiago Esteves, coordenador do Ministério do Turismo do Uruguai.
O vice-governador Gabriel Souza celebrou as oportunidades que surgem a partir do evento:
— É muito prazeroso fazer isso e também tem questões econômicas, de gerar consumo de churrasco, de atrair turistas, divulgar o Rio Grande do Sul.
Busca pelo recorde
Em 2023, o Paleta Atlântida buscava o reconhecimento do Guinness World como o maior churrasco do mundo. No entanto, o evento não entrou para o livro dos recordes em razão dos critérios de avaliação, em que 175 assadores foram desclassificados.
Neste ano, não houve tentativa de entrar no livro. No entanto, o CEO do evento, Luciano Leon, explica que a intenção agora é se organizar para buscar o reconhecimento no futuro.
— A gente precisa propagar a cultura gaúcha para o resto do mundo. Isso é o mais importante, então o evento não tem limites. Vamos nos organizar para conseguir bater o recorde — prometeu.
O Paleta Atlântida é aberto ao público e se estende até as 17h. Para consumir, no entanto, é necessário adquirir ingressos, que ainda estavam disponíveis ao meio-dia.