O dia foi de muito sol, diversão e lazer para um grupo de idosos de Canoas, que se reuniu para aproveitar a praia de Magistério, em Balneário Pinhal, neste domingo (28). O passeio até o litoral gaúcho foi promovido pela Associação de Mulheres da Princesa Isabel (Ampi) e contou com o apoio da prefeitura do município da Região Metropolitana, que disponibilizou o transporte para a viagem.
Ao todo, o passeio reuniu mais de 40 pessoas, sendo 25 idosos que frequentam a entidade. Vice-presidente da associação, Edi Ana Zen Morais, 66 anos, explica que essa atividade tem como ponto de encontro a sua residência, que fica bem perto da beira da praia de Magistério. Por isso, veio para o Litoral antes do grupo, para “ajeitar a casa”.
O grupo saiu de Canoas pela manhã para curtir a praia. No almoço, todos comeram um galeto na residência de Edi e, antes das 15h30min, alguns estavam reunidos na faixa de areia, próximo à guarita 209 — outros preferiram dormir um pouco após a refeição.
— Vieram 25 idosos e o restante é família. A gente faz encontros com os familiares também. E todos os anos fazemos esse passeio, é sempre aqui, na minha casa — conta Edi, que trabalhava como diretora de uma escola e passou a atuar na Ampi depois que se aposentou.
A vice-presidente afirma que a entidade atende homens e mulheres com mais de 60 anos, mas tem esse nome porque, quando foi fundada, há 35 anos, era destinada somente ao público feminino. Desde a pandemia de covid-19, os encontros do grupo foram reduzidos de duas para uma vez na semana — nestes momentos, os idosos fazem artesanatos, principalmente com fuxicos, e participam de palestras, eventos e passeios.
— É uma alegria para eles estarem lá e uma alegria para nós, por estarmos convivendo. A ideia é integrá-los, fazer com que saiam de casa e não fiquem só cuidando dos netos, porque acham que depois que tu ficas velha tens que virar babá, e não é isso — defende Edi.
Entre os integrantes da associação que curtiram a praia neste domingo está Marina Alves dos Passos, 92 anos, que é considerada a “rainha” da Ampi. Natural de Porto Alegre, ela mora em Canoas desde que era criança, e participa dos eventos da entidade há mais de três décadas.
Ao apresentá-la, Edi narra um pouco de sua história: Marina ficou viúva cedo e criou sozinha os sete filhos. Agora, tem 19 netos, 25 bisnetos e dois tataranetos.
— Gosto de praia, mas só molho os pés, porque tenho medo. Gosto das viagens, dos bailes, de fazer fuxico, me dou bem com todo mundo, sempre rindo e brincando. Mas o que eu mais gosto é dançar — relata Marina, rindo.
Entre os passeios que já fizeram, o mais citado pelo grupo é a Oktoberfest. E quando não há apoio para a realização das viagens, os integrantes organizam rifas para arrecadar dinheiro. Atualmente, 53 idosos participam da associação — uma delas, de 71 anos, ia ver o mar pela primeira vez nesta viagem, mas contraiu covid-19 e não pode acompanhá-los.
— É bem legal o grupo, me sinto muito bem. Eu tinha um medo de me aposentar e ficar ociosa, mas sinto que ,estando junto com elas, eu estou igual a elas. Estou viva! E sinto que é isso que elas sentem lá no dia a dia. Isso dá ânimo — destaca a vice-presidente.
Apoio da prefeitura
Camila Ferreira, chefe de unidade da Coordenadoria da Pessoa Idosa da prefeitura de Canoas, explica que o grupo é cadastrado no Centro de Convivência do Idoso, que pertence à Secretaria Municipal da Assistência Social. No segundo semestre do ano passado, o município criou um programa para disponibilizar 300 quilômetros de viagem para os 25 grupos de idosos inscritos:
— Então, disponibilizamos o ônibus para que eles façam essas saídas de convivência. Já fizemos alguns passeios. Em outubro, foram seis grupos para a Oktoberfest de Igrejinha. Em dezembro, foram para Bacupari, para Taquara. Cada grupo vai usando seus quilômetros do contrato para realizar as atividades.
De acordo com Camila, há cerca de 1,2 mil idosos inscritos nesse programa e, geralmente, são pessoas que têm dificuldade de realizar passeios para outras cidades. A chefe de unidade também ressalta que viabilizar o transporte faz com que as saídas de convivência tenham um custo menor aos participantes.
— Todos os grupos têm encontros semanais, então eles estão sempre naquele mesmo espaço, mas quando têm a oportunidade de sair com os amigos, é algo que faz bem e aumenta a qualidade de vida. E é isso que a gente deseja: fomentar o envelhecimento ativo e a qualidade de vida — enfatiza.