O Caminho dos Vales e das Águas, lançado em novembro passado, é uma rota que reúne atrações de nove municípios do Litoral Norte. São passeios para todos os gostos: gastronomia, banhos em cascatas, trekking, turismo rural e turismo religioso são algumas das opções – mais roteiros devem surgir ao longo do ano. Nesta parte da reportagem, conheça o turismo de cascatas.
Seguimos em Três Forquilhas, mas pegamos a RS-417 para ir à Cascata da Pedra Branca, uma queda d'água de cerca de 130m aberta ao público. O caminho de 25km, saindo das margens da BR-101, levou uma hora em uma estrada de chão que tortura a suspensão do carro. Mas o périplo vale a pena. Não há qualquer resquício de praia por aqui: o percurso cruza morros verdes, o rio homônimo à cidade e culmina em uma trilha apertada onde apenas a pé é possível chegar ao destino.
A partir daqui, percorra 1,5km em uma subida fácil de pedras, entre borboletas e mosquitos. Olhe para o Rio Pedra Branca à direita, preste atenção à Mata Atlântica da região e inspire o ar puro. No fim da caminhada, há uma espécie de arco formado pela copa das árvores que emoldura o olhar. A cada passo dado, a Cascata da Pedra Branca se desvela diante do olhar – é a mesma sensação de, na saída do metrô, subir a escadaria e encarar uma paisagem estonteante.
Atravesse o arco e chegue ao platô onde está a queda de 130m de altura. A luz do sol contra o vapor de água gera um efeito angelical, como se houvesse um véu entre o turista e a cascata. O local é próprio para banho, mas não há qualquer infraestrutura além de duas churrasqueiras.
Dê preferência para ir cedo ao local, uma vez que a muralha de rocha protege o sol e pode deixar a temperatura ainda mais fria conforme o dia passa.
Voltamos ao carro e partimos para o município de Três Cachoeiras, distante 13km dali. Agora, o destino são o Poço dos Morcegos e o Poço das Andorinhas, pequenas cascatas no leito do rio do Terra que geram piscinas naturais abertas ao público. A estrada passa por bananais e sobe a serra a ponto de ser possível notar a diferença de pressão nos ouvidos. No caminho, há vários ciclistas – uma rota de cicloturismo ainda está sendo elaborada, diz o presidente dos Caminhos dos Vales e das Águas, Carlos Alberto Cechin.
Há uma bifurcação que separa os dois destinos. À esquerda, o Poço das Andorinhas e, à direita, subindo uma escadaria, o dos Morcegos. Mas não se engane pelas aparências: apesar das escadas, o trajeto dos Morcegos tem acesso mais fácil para banho e é o ideal para crianças.
Começamos o tour com este último: a trilha é apertada em alguns trechos e exige deslocar-se ao lado de um paredão, mas aqui também cordas funcionam como corrimão. Após cinco minutos, há uma pequena cascata e piscina natural cujo acesso se dá após descer algumas pedras, com um leve esforço. No local, cerca de 20 pessoas assavam uma carne e tomavam banho de sol. Em uma cadeira de praia, a bancária Gisele Vieira, 36 anos relaxava ao lado do marido, o metalúrgico Dauto Bahia Filho, 40, do filho Gabriel, 11, e do cachorrinho Thor. Veranistas de Torres, eles apreciavam a tranquilidade do Poço dos Morcegos.
– Aqui é muito maravilhoso. Daqui a pouco vamos fazer um piquenique. Trouxemos sanduíche, suco e salgadinho – disse Gisele.
Voltamos à entrada principal para seguir à esquerda e conhecer o Poço das Andorinhas. Menos imponente, ele tem acesso complicado para banhar-se – é preciso descer por pedras escorregadias em uma altura maior do que um pulinho. No local, GaúchaZH não encontrou nenhum visitante.
Em virtude da chuva dos dias anteriores, uma árvore havia caído no fim da trilha e impedia a vista da cachoeira. O lugar vale mais pela contemplação.
Como conhecer o Caminho dos Vales e das Águas
- Onde comprar: há pacotes em agências de turismo de Torres, Arroio do Sal, Mampituba, Caxias do Sul, Campo Bom, Farroupilha (na Serra, voltados ao turismo de aventura).
- Quanto tempo dura o passeio: um dia
- Preço: varia se incluir transporte e alimentação. De Torres, contando com ambos, sai por R$ 130. De Caxias do Sul, a viagem para Três Cachoeiras custa R$ 120 (com translado, sem alimentação) ou R$ 60 (direto no município litorâneo)