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Caminho dos Vales e das Águas: turismo rural no Morro Azul

A reportagem de GaúchaZH percorreu três cidades, cinco cachoeiras, propriedades familiares e uma gruta religiosa em um novo roteiro turístico no Litoral Norte

Marcel Hartmann

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Andréa Graiz / Agencia RBS
Paisagem comum da região na casa de Zilda e Elio

O Caminho dos Vales e das Águas, lançado em novembro passado, é uma rota que reúne atrações de nove municípios do Litoral Norte. São passeios para todos os gostos: gastronomia, banhos em cascatas, trekking, turismo rural e turismo religioso são algumas das opções – mais roteiros devem surgir ao long o do ano. Nesta parte da reportagem, conheça  o turismo rural no Morro Azul. 

A próxima parada é o Morro Azul, comunidade de Três Cachoeiras com sítios e turismo histórico voltado à imigração italiana e alemã. A primeira parada é o almoço na propriedade da professora aposentada Zilda Maggi Rech, 75 anos, e do dentista prático Elio Maggi Rech, 78. Há 13 anos, eles abrigam turistas em casa e, agora, fazem parte do Caminho dos Vales e das Águas. Na entrada do sítio, uma figueira de mais de 80 anos, exemplo de uma paisagem comum à região, recepciona os visitantes. Antes da porta do casarão de madeira, um quadriciclo azul chama a atenção.

A nonna é mais expansiva, o nonno é mais tímido. De avental, cumprimentam os convidados com afeto e chamam para um farto almoço colonial: à disposição, polenta, carne de panela, galinha caipirinha, arroz, feijão, aipim, saladas e bebidas. Para beber, um suco de limão e gengibre que mais parece refrigerante. A receita? Segredo da vovó. Enquanto os pratos são apreciados, os aposentados contam causos do passado. 

Andréa Graiz / Agencia RBS
Zilda e Elio com seu farto almoço colonial

– Fui professora a vida inteira. Depois, abri uma creche. Hoje trabalho com turista e amo. A gente conhece muita gente, já veio gente até da Palestina aqui. Não consigo ficar parada, senão envelheço. Não dirijo mais, mas ando no quadriciclo azul que comprei.

Andréa Graiz / Agencia RBS
Detalhe da Casa da Imigração

Na propriedade ao lado fica a Casa da Imigração Italiana, construção que traz objetos antigos remetendo à história dos imigrantes que vieram ao Estado no século 19 com o mesmo objetivo de haitianos, camaroneses e venezuelanos hoje. Próxima também está uma réplica da primeira capela do Morro Azul, construída em 1894 – repare no sino, construído em uma torre fora da igreja. 

Andréa Graiz / Agencia RBS
Réplica da primeira capela do Morro Azul

Pegamos a  estrada salpicada de muros de pedra, construídos pelos imigrantes e tombados pela prefeitura, e menos de 1km à frente chegamos a outra propriedade familiar. A agricultora Cenira Boff, 52, recepciona a reportagem e um grupo de turistas que realiza a rota. O primeiro passo é percorrer uma trilha de 15 minutos para chegar à cascata de 7,5m de altura nos fundos do sítio. O trajeto é fácil: basta subir a colina e entrar em uma floresta. A localidade é alta, o que permite uma boa vista do horizonte e uma brisa agradável. 

– Aqui beleza que vê e que se sente – brinca Cenira. 

Andréa Graiz / Agencia RBS
No sítio da agricultora Cenira, há uma trilha para chegar aos fundos do sítio

Após entrar no mato, a trilha se torna estreita – próximo à cascata, é preciso fazer fila indiana e segurar cordas para não cair. Ao fim, chegamos à cascata, localizada a 1.022m de altitude. É possível tomar banho por ali, mas o visitante deve se segurar em pedras para descer uma altura de cerca de 2m. Uma família de Brasília aproveitou para dar um mergulho.

Andréa Graiz / Agencia RBS
Cascata no sítio de dona Cenira

– Estamos acostumados às cachoeiras da Chapada dos Veadeiros, em Goiânia. Achamos aqui tudo mais limpo, a água mais gelada e as pessoas mais hospitaleiras. Lá no Centro-Oeste também somos receptivos, mas não é qualquer um que entra na nossa casa como aqui – diz o psicólogo João Pedro Abreu, 45,  acompanhado da esposa e da filha adolescente. 

CENIRA

CENIRA

Dona de um sítio no Roteiro

Aqui beleza que vê e que se sente"

A última parada em Três Cachoeiras é em um sítio de 70 hectares da Dona Lúcia para ver mais três cachoeiras – totalizando cinco em um dia. Somos recebidos pelos gentis agricultores Ciro Carlos Boff, 72, e Lucia Boff, 66. O nonno é o guia em uma trilha de dificuldade moderada de cerca de 40 minutos nos fundos da propriedade. O tour exige cruzar córregos, subir em terra íngreme e pisar em pedras escorregadias. O trajeto, apesar de menos acessível, vale a pena para se afundar nos sons de córregos d'água e ficar debaixo de cascatas em busca de relaxamento. 

Andréa Graiz / Agencia RBS
Última parada com as delícias de Lucia e Ciro

Voltamos exaustos e, para a surpresa geral, há uma mesa de café da tarde montada na sala de uma casa de madeira construída 72 anos atrás – as paredes são verde e as janelas, cor de rosa. Aqui tem de tudo: bolos, pães, roscas, pizzas, pastéis, porco, geleias (pêssego, ameixa, figo, goiaba, banana), fortaia (salame com ovo), amendoim açucarado, fregolá da nonna (farinha, amendoim, açúcar e ovo) e mais. 

– É muita coisa boa, não consegui comer nem a metade – diz a moradora de Torres Elaine Martins dos Santos. 

Andréa Graiz / Agencia RBS
Paisagem no sítio de Lucia e Ciro

Como conhecer o Caminho dos Vales e das Águas

  • Onde comprar: há pacotes em agências de turismo de Torres, Arroio do Sal, Mampituba, Caxias do Sul, Campo Bom, Farroupilha (na Serra, voltados ao turismo de aventura). 
  • Quanto tempo dura o passeio: um dia
  • Preço: varia se incluir transporte e alimentação. De Torres, contando com ambos, sai por R$ 130. De Caxias do Sul, a viagem para Três Cachoeiras custa R$ 120 (com translado, sem alimentação) ou R$ 60 (direto no município litorâneo)

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