O verão tem sido severo com os gaúchos: calor intenso por dias consecutivos e sensação térmica que já alcançou 47ºC. Tomar bastante água, usar roupa mais leve, curtir a praia ou um banho de piscina ajuda a refrescar, mas para crianças os cuidados devem ser redobrados. A pediatra e neonatologista Maria Cecília Correia Hyppolito lembra que os pais devem ter atenção principalmente com os bebês com menos de dois anos:
— Use roupas leves, ofereça muito líquido, frutas e alimentos frescos. Evite também exposição solar em horários mais quentes. Pode permanecer ao ar livre, mas na sombra.
Outra preocupação é com as assaduras. É importante realizar trocas frequentes de fraldas. No calor, também é comum as crianças ficarem com bolinhas vermelhas pelo corpo, e o indicado é dar mais de um banho ao dia.
O médico Daniel Albuquerque, superintendente de Provimento em Saúde e médico responsável pela atenção integral à saúde na Central Nacional Unimed, reforça que o corpo do recém-nascido resfria e esquenta muito facilmente. Segundo ele, o cuidado deve ser aumentado para facilitar a regulação térmica.
— Mantê-lo muito bem hidratado e redobrar a atenção nos dias quentes. Ao mesmo tempo que ganha calor, o corpo do bebê também pode esfriar muito rapidamente. Entre seis meses e um ano, a regulação começa a ficar mais estável. Nos dias mais quentes, procure vestir o bebê com roupas mais leves e de algodão. Mantenha a cabeça descoberta — orienta Albuquerque.
Ele também lembra que o bebê precisa receber sol, mas apenas nas primeiras e nas últimas horas do dia.
Disputados por adultos nos dias de calor, o ventilador e o ar-condicionado são perigosos para as crianças, pois o ar muito seco ou muito frio pode deixar a garganta dos pequenos vulnerável a infecções.
— Nunca devem ser usados diretamente na criança. O ideal é resfriar o corpo com líquido ou leques — aconselha Albuquerque.
Até os seis meses, não é recomendado o uso de protetor solar, por isso, o ideal é procurar locais com sombra. Passada esta fase, o protetor é indicado. Mesmo assim, não é aconselhável que os pequenos fiquem expostos ao forte sol.
Uma pequena saga à beira-mar
Pais costumam enfrentar os mesmos perrengues: sol forte e calor abafado, medo de queimaduras ou de desidratação, além de atenção à areia suja e ao perigo do mar. Fugindo um pouco da rotina de Porto Alegre, o casal de arquitetos Paula Corrêa e Rodrigo Poltosi, ambos de 39 anos, zelava as brincadeiras da filha Lara, de um ano e três meses, e Luiza, de nove anos, à beira-mar de Tramandaí. A experiência de levar a mais nova pela primeira vez à praia preenchia o coração dos pais de satisfação na manhã nublada de terça-feira (15), mas nem por isso estar ali era mais fácil. Sob o calor de 31ºC, a areia e as ondas do mar, a vigília era constante. A menina, protegida com creme FPS 40, chapéu e blusa de manga comprida com bloqueador de radiação, brincava faceira sobre uma toalha estendida para evitar o contato direto com a areia.
— Ficamos no máximo uma hora por dia com a Lara na areia, porque ela tem a pele bem branquinha. Trago várias mamadeiras com água e ofereço a ela a cada 10 minutos. É um pouco trabalhoso, ela tenta comer areia ou ir até o mar, agora que aprendeu a caminhar. Mas faz parte. Trouxe até chiqueirinho e repelente para proteger dos mosquitos — conta Paula.
A duas guaritas de distância, a contadora Michele Cunha, 35 anos, mantinha Alice, de oito meses, praticamente o tempo todo no colo. Debaixo de guarda-sóis estavam também o filho Davi, de quatro anos, além de uma amiga, a professora Gabriela Grohmann, 42 anos, com a filha Eduarda, de oito, e a afilhada de seis, também chamada de Alice.
A Alice nenê se protegia com protetor FPS 60, chapéu e camiseta de manga comprida. Para evitar desidratação, bebia água a cada meia hora. Para diminuir o calorão, a mãe a carregava para molhar os pés de pouco em pouco.
— Nessa idade, não dá para deixá-la sozinha na areia, a gente vê até bituca de cigarro por aqui. Então, fica sempre no meu colo. Assim também evito que ela coma areia — conta.
De fato, enquanto era fotografada para a reportagem, bastou Alice ficar a um metro de distância da mãe para já colocar areia na boca, enquanto ela olhava para a fotógrafa. Michele deu uma risada, correu a tempo e tirou a mão da filha da boca.