Construídas no verão passado como modelo-piloto nas praias de Atlântida Sul e Mariápolis, em Osório, e com presença em outros municípios, as guaritas de madeira, mais altas, com varanda, parapeitos e janelas de vidro devem se alastrar pela orla das maiores praias do Litoral Norte. Municípios constroem, gradativamente, as estruturas que devem ser, nas próximas temporadas, o novo padrão em toda a faixa de areia gaúcha.
Após sugestão dos próprios guarda-vidas, Osório foi a primeira cidade a abraçar de vez a novidade na orla: construiu quatro guaritas no novo modelo até o verão passado e disponibilizou mais uma neste — o que contemplou todo o litoral do município, segundo o assessor da Secretaria de Desenvolvimento de Turismo, Antonio Marculan.
Comandante dos guarda-vidas no Litoral Norte, o major Jefferson Ecco explica que as prefeituras podem construir as guaritas no modelo que quiserem, mas que há diálogo com o Corpo de Bombeiros para seguir o modelo sugerido pelos profissionais que usarão a estrutura.
— O modelo que sugerimos facilita a vigilância por estar em um plano mais alto e por proteger mais o guarda-vidas contra o vento e a chuva. O objetivo é substituir todas as antigas pelo novo modelo no Litoral — destaca.
Em Capão da Canoa, seis estruturas no novo padrão surgiram desde o último verão — há, ao todo, 32 entre Atlântida e o distrito de Curumim. As obras ocorreram mediante parceria público-privada da prefeitura com a construtora Auris, que obteve o direito de utilizar o espaço para publicidade. Em nota, a administração municipal informa que, "nos próximos anos, as demais guaritas serão substituídas de forma gradativa pelo novo modelo".
Imbé contava com uma guarita em Presidente, erguida em 2014, e construiu mais cinco no novo modelo, nas praias de Albatroz, Mariluz e no próprio centro de Imbé, em convênio com as lojas Lebes. A cidade abriga também o "quartel-general" para todos os guarda-vidas do Litoral Norte.
— Até o começo do verão do ano que vem, quero todas as 22 guaritas de Imbé no modelo novo — projeta o secretário de Obras e Viação da cidade, Giovani Pereira de Souza.
Torres não adaptou nenhuma guarita no novo modelo — as 22 da praia são no antigo padrão. Conforme a prefeitura, o projeto de mudá-las foi apresentado pelos bombeiros, mas as estruturas para esta temporada já estavam prontas. "Após o final do verão, será avaliada pela prefeitura junto com o Corpo de Bombeiros a viabilidade de adequação de acordo com o novo modelo e possibilidade de parceria para execução", diz o Executivo municipal, em nota.
Guarda-vidas e banhistas, no entanto, demonstram preocupação com o vandalismo. As estruturas de concreto permaneciam praticamente intactas de uma temporada para outra. Com as guaritas de madeira, é diferente. Em Osório, algumas estão com vidros quebrados ainda não substituídos — e assim seguem desde antes do início da temporada de verão, provavelmente danificadas ao longo do ano, enquanto os locais estavam desguarnecidos. Em Imbé, também houve quebra de vidros.
— O vandalismo é um problema com esse tipo de guarita. Mas é algo que, infelizmente, acontece até mesmo durante o verão — afirma o sargento Cleber Vilanova, veterano de 17 Operações Golfinho, as últimas 15 em Atlântida Sul.
Em Tramandaí, guaritas erguidas pelos próprios guarda-vidas
Há três anos, Tramandaí conta com uma guarita no novo modelo — e agora o padrão vai conquistado espaço. Hoje, há três estruturas de madeira, sendo duas erguidas nas últimas semanas após o desgaste por intempéries e ação do tempo. Todas foram reerguidas, reformadas ou totalmente construídas pelos próprios guarda-vidas. Utilizando material cedido pela prefeitura ou reunido pelo comando do Corpo de Bombeiros, os profissionais aproveitaram até suas horas de folga para erguer estruturas melhores para o trabalho diário na beira da praia.
— Foram feitas com mão de obra nossa e são maiores do que as de concreto, para podermos ver mais longe. Uma boa guarita é parte importante do trabalho — explica o tenente Ivan Flores, comandante dos guarda-vidas de Tramandaí.
Apesar de ter apoiado o trabalho, a prefeitura não se responsabilizou. A intenção da Secretaria de Obras de Tramandaí, porém, é analisar as modificações e, talvez, expandi-las para todas as guaritas da orla em um novo projeto que deve ser concluído neste ano.
— Não sei se vamos continuar com essa ideia, mas estamos ouvindo os bombeiros para pensar em como serão as novas guaritas. Isso vai ser parte do projeto que prevê ainda a revitalização de quiosques e do restante da orla — garante o secretário Murilo Menezes Faria.