Quem esperava uma folga do mau tempo no Litoral Norte nesta segunda-feira de Natal (25) teve de se contentar com mais uma manhã um tanto carrancuda, mas pelo menos sem chuva. Em Capão da Canoa, o calçadão, com praticantes de esporte e mateadores, estava mais movimentado do que a areia.
A baixa temperatura – em torno dos 20°C – fez com que alguns veranistas trocassem os habituais trajes de banho por calças e camisetas de manga comprida. Era o caso do agricultor aposentado Elias Dolci, 70 anos, de Dois Irmãos das Missões, na Região Noroeste, desapontado com seu penúltimo dia na orla antes da volta para casa.
– Estava difícil. Chuva, frio e água suja. Faz nove dias que chegamos e está sempre assim – lamentou Dolci.
Sua mulher, a dona de casa Nilza Fortes Dolci, 66 anos, contemporizou:
– Mas Capão tem muita coisa boa. Gente simpática, estrutura de primeira.
No mar pouco convidativo, de água gelada e escura – o já bem conhecido "chocolatão" –, a maior parte dos banhistas era formada por crianças, que pareciam não sentir o frio que desencorajava os adultos. O industriário Ranier Bertagnolli, 53 anos, de Santa Cruz do Sul, estava contente por finalmente poder levar os pequenos à beira-mar depois de dois dias trancados dentro do apartamento, mas deixou as ondas baterem só até pouco acima dos joelhos. Fernanda Bertagnolli, oito anos, incentivava o pai:
– Tá boa! Tá morna!
O primo Nicolas Nasi Hallmann, seis anos, vestindo uma camiseta do super-herói Hulk e brincando com uma bola do Grêmio, orgulhava-se dos cabelos molhados:
– Tá morna! Mergulhei!
Quanto à cor da água, entretanto, nem as crianças faziam concessões.
– Tá suja – constatou Fernanda.
Para seu primeiro veraneio, Vitor Santos Backes, oito meses, trouxe sunga e até uma camiseta de surfista na mala, mas na manhã natalina seu figurino era bem diferente: braços e pernas cobertos e, para afastar qualquer risco, um par de meias – recomendação da vovó.
– Agora viemos só para caminhar e tomar chimarrão. Hoje está bom para o Vitor, vento não muito forte, sol não muito forte. Talvez a gente volte de tarde para ele estrear a roupa de banho – divertiu-se a mãe, Josiéli Backes, 29 anos, auxiliar contábil de Campo Bom.