Entre abraços e cumprimentos pela chegada do novo ano, um velho ditado popular é sempre lembrado: "Ano novo, vida nova". É um clichê, mas tem muito de verdade. A mudança no calendário carrega uma simbologia forte sobre nossas conquistas, erros e o que pretendemos ser no futuro. É um momento adequado para estabelecer metas e desenhar planos. Nessa época, sobram ideias para recomeços: emagrecer, parar de fumar, entrar na academia, aprender inglês, economizar dinheiro, voltar a estudar, entre outras.
Na teoria, parece simples e fácil. Na prática, é bem mais complexo. O grande problema é que costumamos exagerar na dose, como se tivéssemos o poder de virar pessoas totalmente diferentes com a troca de ano.
Esquecemos que não somos máquinas prontas para um restart, nem empresas que fecham balanços contábeis e estabelecem metas numéricas de crescimento. A vida é complexa, cheia de limitações, contradições e falhas, por maiores que sejam as tentativas de acerto. Ainda assim, muitos ignoram essa realidade e apostam em mudar suas rotinas num passe de mágica. Esse tipo de pensamento gera propósitos irreais e, com eles, frustrações, estresse e desânimo. A sensação de fracasso acaba se tornando um obstáculo maior do que os erros que pretendíamos corrigir.
Não significa que traçar planos seja ruim. Mas tudo tem que ser feito com os pés no chão e a alma em paz. Em vez de definir objetivos inatingíveis, é mais saudável seguir passos que possam ser repetidos e ampliados ao longo do tempo. Assim, em vez de estabelecer a obrigação de presença diária na academia, que tal se comprometer com uma rotina mais ativa? Por que não trocamos a ideia de economizar o dinheiro que não sobra no orçamento pela criação de hábitos financeiros mais saudáveis? Por que não se comprometer simplesmente com a perda de peso, em vez de apostar em dietas milagrosas que prometem a perda de muitos quilos em poucas semanas? Pequenas mudanças são mais lentas, mas têm o poder de gerar transformações reais e duradouras.
Precisamos entender que a vida não é uma linha reta, muito menos um jogo de fases. O ano novo é uma oportunidade excelente para revisar e aperfeiçoar esse ciclo, mas sem a necessidade de zerá-lo para seguir em frente. A caminhada é longa. A felicidade pode ser encontrada durante o caminho e não apenas na reta de chegada.