Refluxo do volume de água que retorna da praia para o oceano, abrindo canais que garantem a fama de revolto do mar gaúcho, a corrente de retorno, ou repuxo, ajudou a engrossar as estatísticas de mortes por afogamento no começo desta semana.
Na terça-feira, dois jovens morreram afogados em Atlântida Sul depois de entrarem no mar sinalizado como impróprio para banho pelos salva-vidas.
Os jovens Patrick Lucas Porto, 21 anos, e Matheus Porto Campelo, 17 anos, afogaram-se perto da guarita 108. Patrick foi resgatado do mar já inconsciente e morreu em atendimento no Hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa. Matheus ficou desaparecido até o meio-dia de quarta-feira, quando seu corpo foi localizado no Litoral Norte.
Mais duas mulheres, de 20 e 30 anos, que também estavam próximas à guarita 108, foram resgatadas pelos salva-vidas e receberam atendimento médico. Segundo o chefe de operações da Operação Golfinho, major Julimar Fortes, os acidentes poderiam ter sido evitados se os banhistas tivessem respeitado a orientação dos salva-vidas: o local estava sinalizado com bandeira preta devido a uma corrente de retorno.
- A ação dos salva-vidas é preventiva. Eles são os primeiros a chegar na praia para avaliar as condições e indicar aos veranistas se a área é própria para banho ou não. Os acidentes podem ser evitados se as pessoas forem mais cautelosas - adverte.
As correntes de retorno estão entre as principais causas de morte por afogamento no Litoral Norte. Conforme Fortes, o fenômeno é comum nas praias gaúchas, favorecido pelas condições geográficas.
- Nossas praias, de mar aberto, sem enseadas, favorecem esse tipo de fenômeno. Apesar disso, é difícil prever onde vão se formar, porque não ocorrem sempre no mesmo lugar - explica.
As correntes variam em tamanho, largura, profundidade, formato, velocidade e potência. Elas se formam, geralmente, quando as ondas quebram e empurram a água acima do nível médio do mar. A velocidade do fluxo de água retornando ao mar pode variar de 0,5 metros por segundo a até 3,5 metros por segundo - o que pode surpreender até um nadador habilidoso.
Para prevenir acidentes, segundo o chefe da Operação Golfinho, o ideal é ficar atento à sinalização e aos alertas dos salva-vidas. Caso caia no "repuxo", a recomendação é manter a calma e nunca nadar contra a corrente. Se puder flutuar, acompanhe as ondas de lado até chegar a um banco de areia ou receber ajuda.
Mortes por afogamento aumentaram nesta temporada
Desde o início da Operação Golfinho, em 19 de dezembro, pelo menos 27 pessoas já perderam a vida em casos de afogamento em locais onde não há atendimento de salva-vidas no Rio Grande do Sul - basicamente praias de água doce. O número é 125% maior do que o registrado no mesmo período da temporada passada.
Nas praias onde há salva-vidas, cinco pessoas morreram afogadas desde o começo da Operação, duas a mais que no mesmo período da temporada passada.