Em Estrela, município de 34,6 mil habitantes do Vale do Taquari, um empresário e pastor evangélico projeta um grande museu cristão capaz de reproduzir o turismo religioso do Oriente Médio. O grande atrativo é um museu de 12 andares no formato de uma bíblia – a maior bíblia do mundo.
Após visitar Israel 22 vezes, Wagner Calheirana, 52 anos, planeja reproduzir, no terreno de 100 mil metros quadrados da Comunidade Evangélica Cristo Vive, no centro de Estrela, atrações da nação judaica. O parque deve contar com aqueduto de pedras, jardim bíblico, uma tenda de Moisés, a casa do carpinteiro e um grande museu para contar a história do livro sagrado e dos milagres de Jesus. A ideia é inaugurar o parque em 31 de outubro de 2024.
— Pensei em ser não apenas um monumento, mas também um museu de 12 andares contando a história construção da bíblia, de Jesus e de seus milagres, de Israel, do Holocausto e do cristianismo no geral, com o nascimento de diferentes denominações da igreja. Não será um local focado apenas na igreja evangélica — diz Calheirana.
As obras contarão com doações da iniciativa privada, por meio de ações de arrecadação de valores e doações. Neste momento, a empreitada está em fase inicial, com trabalhos de drenagem do solo. Em passeio com GZH na propriedade, o pastor aponta para os locais onde cada atração será localizada – o jardim bíblico, logo na entrada, exibirá árvores de espécies citadas no livro sagrado. Em uma das viagens a Israel, Calheirana manteve reuniões com museus locais para estabelecer parcerias.
— Pensei em levar algumas réplicas. Queremos trazer revestimentos de paredes e cópias de acervos. Teremos na entrada um aqueduto como tem lá. Essas viagens foram inspiradoras em ver o quanto isso movimenta aquela região. Podemos ter uma mini-Israel aqui, contando a história do povo de Israel, que é também a história da humanidade. O Cristo Protetor de Encantado provou que é possível, é impressionante o resultado que está dando — resume o pastor.
A expectativa entre os moradores
Moradores de Estrela se dividem sobre o assunto – há quem diga que o investimento é alto demais para uma cidade tão pequena, enquanto outros aguardam a futura movimentação de visitantes com ansiedade.
— Tomara que nos ajude. Estrela é uma cidade pequena, é bom ter uma atração para chamar o pessoal de fora. Hoje, nossos clientes são fixos ou, de vez em quando, alguém de Porto Alegre que vem visitar um parente. É difícil imaginar um monte de gente de fora, mas a gente torce para que a cidade cresça — diz a funcionária de loja Tatiane Zart, 28 anos.
Para a gerente de loja Gesieli Sanchez, também de 28 anos, o monumento da maior bíblia do mundo pode atrair turistas, mas a cidade precisa melhorar a infraestrutura.
— Falta opção de pousada e de outros serviços. No domingo, tem dois restaurantes para comer com a família — diz a comerciante.
Ela cita, ainda, outra possibilidade para o futuro:
— Mas é turismo religioso, para pessoas mais velhas. Poderia ter opções para gente nova também.
Uma oportunidade para a cidade
Prefeito de Estrela, Elmar Schneider (MDB) afirma que não haverá dinheiro público na obra, mas apoio institucional – o gestor acompanhou o empresário em uma das viagens a Israel.
— Somos uma região muito religiosa, com a religião católica, luterana e as demais, como a Assembleia de Deus. As pessoas têm ligação muito forte com Jesus e Deus. E Estrela é uma cidade privilegiada pela localização. Está bem mais próxima a Porto Alegre, está em uma rodovia já duplicada, próxima à Serra gaúcha, e tem algumas das melhores cascatas do Rio Grande do Sul. Em momento de dificuldades em alguns setores econômicos, não podemos colocar todos os ovos em uma mesma cestinha. É importante a diversificação. O turismo religioso é uma oportunidade — diz o prefeito.