Entre ursinhos, corações e arco-íris, o cenário montado para ensaios fotográficos dentro do Hospital Universitário (HU), em Canoas, na Região Metropolitana, deu outra cara para o ambiente – e essa era a ideia. Uma ação organizada pela Comissão de Humanização da instituição com a ajuda de voluntários oportunizou que gestantes de alto risco pudessem ter fotos produzidas para guardar de recordação do momento. A experiência, que ocorreu na quinta-feira (28), é a terceira edição realizada no HU em alusão ao Dia das Mães, celebrado no dia 8 de maio, e contou com a participação de seis internadas.
– As gestantes estão muito empolgadas, porque algumas delas ficam muito tempo aqui, às vezes, até quase dois meses, e ficam longe da família, dos filhos. A gente pensou nesse momento para que elas possam curtir algo diferente da rotina – explica Vera Krause Farias, técnica de Enfermagem que integra a comissão.
Conforme a profissional, as gestantes estão internadas devido à doenças como pré-eclâmpsia, diabetes (pré ou gestacional) de difícil controle, algumas infecções, como pielonefrite. Nessas situações, a gestante e o bebê necessitam de monitoramento frequente, assim como exames laboratoriais e de imagem, e até de uma alimentação controlada. Com cuidado para evitar riscos, a ação é acompanhada com atenção pelas profissionais, que cuidam para que as gestantes não passem mal devido à emoção ou ao esforço.
– Muitas vezes, elas vêm até o hospital ou no posto para uma consulta e os médicos já mandam internar. Então é uma surpresa, porque elas não fizeram o book, não prepararam as roupinhas do bebê, e precisam ficar no hospital. E a maioria dos casos fica até o final da gestação – relata Vera.
É o caso da atendente de farmácia Ariadne Gabriele Duzniewski Reinke, 22 anos, moradora do bairro Rio Branco, que está à espera do primeiro filho, o Anthony. Ela está internada há quase três semanas no HU.
– Eu já fazia acompanhamento aqui antes. Esses dias estava com muita dor de cabeça e minha pressão lá em cima. Vim para cá consultar, eu achei que não ia ficar e acabei sendo internada. Eu tinha pensando em fazer algumas fotos com a ajuda da minha irmã, ao ar livre, mas não deu por causa da internação – conta Ariadne, que estava acompanhada da sua mãe, Adriane Duzniewski, 46 anos, na preparação para as fotos.
– Está todo mundo muito feliz, porque filho é uma bênção, neto mais ainda. Anthony será o quarto neto. E só tenho a agradecer o atendimento da equipe aqui do hospital, faz jus à palavra humanizado – relata Adriane.
A iniciativa organizada pela equipe foi uma surpresa para a futura mãe, que até o Dia das Mães ou antes, poderá ter seu bebê.
– Quando a Vera veio me falar sobre a ação, fiquei bem animada. Estou bem feliz. Antes fiquei triste porque pensei que não ia dar tempo de fazer fotos de gestante – disse Ariadne, que teve a pressão um pouco afetada pela ansiedade da atividade.
Durante o ensaio, a fotógrafa voluntária Ana Katherine ajudou nas poses e conduziu o momento. Animada, Ariadne, com bom-humor, diz que se surpreendeu ao se ver na tela da câmera:
– Ficaram bonitas. Não está caindo a ficha que vou ser mãe.
Experiência inesperada
À espera da terceira filha, Caroline Rodrigues da Silva, 24 anos, está internada há 20 dias por causa da pré-eclâmpsia. Ela foi uma das primeiras a ser fotografada por causa da condição instável.
– Minha pressão sobe do nada por qualquer coisa, se eu dou risada, se choro. E eu estava começando a me sentir mal aí vim pro quarto – conta Caroline, logo após as fotos.
Na sua outra gravidez, a segunda, ela descobriu a pré-eclâmpsia no momento em que a gestação teve que ser interrompida, com 31 semanas. O bebê prematuro ficou internado 38 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo Carol, desta vez, após passar mal, foi internada para observação da doença antes do parto. Suas filhas estão aos cuidados do marido, em Nova Santa Rita, onde residem.
Apesar da gravidez não ser a primeira, a experiência de fazer o book foi inédita para Carol.
– Foi legal porque em nenhuma das gestações eu tive ensaio. Nunca fui muito de fazer fotos, então foi a primeira vez. Achei bem bonitas as que a fotógrafa me mostrou, ela me ajudou em várias poses – conta.
Além da fotografia e da decoração, a iniciativa da Comissão de Humanização do hospital envolveu funcionários voluntários. O grupo organiza atividades para acolher pessoas internadas ou em atendimento. Contatada por uma integrante da comissão, Ana Katherine, que trabalha com fotografia, se colocou à disposição.
– Como eu gosto de participar de ações voluntárias e já fiz algumas nesses sentido, aceitei. É legal vir aqui trazer um pouco de alegria. É importante e emocionante registrar esse momento, congelar essa recordação, pois é uma fase que não volta e, no futuro, elas poderão se ver e também mostrar para os filhos como estavam enquanto esperavam.
Pessoas e organizações interessadas em doar ou participar de alguma ação no HU podem entrar em contato com o Setor de Humanização, pelo telefone (51) 3478-8199 ou pelo e-mail humanizacao@hucanoasfunam.com.br.