Cinco vezes por semana, a estudante Moatira Chagas Pinheiro, 21 anos, percorre um trajeto que vai do bairro Aberta dos Morros, onde mora, à Lomba do Pinheiro. O destino: o Instituto Popular de Arte-Educação (Ipdae), organização da sociedade civil sem fins lucrativos, onde hoje ela faz curso de viola.
— Quando pensamos em música clássica, pensamos em ópera, num teatro, em gente mais ou menos da elite e, na verdade, não: é para qualquer um e para todos — destaca a jovem, que se motivou a entrar nesse mundo por volta dos 14 anos, inspirada por um guitarrista que admirava e que tocava diferentes instrumentos.
Para aulas de viola, assim como de violino, violoncelo, contrabaixo, flauta transversa, oboé, piano, canto, flauta doce, clarinete, fagote e trompete, o instituto está com 65 vagas abertas ao todo. As inscrições se iniciam nesta quarta-feira (27) e vão até 13 de maio. Podem participar crianças e adolescentes de sete a 17 anos, de Porto Alegre e Região Metropolitana. Para isso, é necessário estar matriculado em uma escola regular e ter bom desempenho nas notas. Os cursos são gratuitos.
Para além da prática
A escola de música do Ipdae foi fundada em 2007. À época, a criação foi possível a partir da ajuda de um norte-americano que se engajou na proposta e doou os instrumentos necessários, conta a diretora e fundadora do instituto, Fátima Flores Jardim.
Cada curso tem uma duração média de oito anos e disponibiliza, além do aprendizado do instrumento escolhido (que pode ser emprestado pela instituição), aulas de prática coral e de teoria e percepção musical. Segundo Fátima, a proposta é oferecer uma formação integral, dando condições também para que o aluno siga adiante na área e se profissionalize.
— Muitos aspiram a continuar estudando música, esperam ingressar em uma universidade e seguir na carreira com música. Mas mesmo aqueles que não quiseram seguir uma carreira como profissional da música percebem que aquilo fez uma diferença, na vida deles, determinante — explica.
Um futuro na música
De forma despretensiosa, o ex-aluno Thiago de Souza Pinto, 30 anos, entrou na escola do Ipdae durante a adolescência. Hoje, é músico e atua como professor no local desde 2014.
— Foi mais uma orientação da família, inicialmente, uma forma de investir meu tempo em algo produtivo. Depois, lógico, eu continuei estudando, comecei a ter gosto pela música e decidi, em determinado ponto ali da minha trajetória, seguir profissionalmente — lembra.
Junto ao bacharelado que está fazendo na área musical, Thiago já participou de cursos de capacitação pedagógica. Para ele, além de ter se tornado sua profissão, a música ajudou a trabalhar questões pessoais, como sociabilidade, perseverança e paciência.
Tem evento hoje na Lomba
Um grupo de alunos está tocando em três recitais, gratuitos e abertos ao público, ao longo de abril. Uma das apresentações ocorreu na própria escola, no dia 20, e outra será na Biblioteca Pública do Estado, no dia 30. Entre essas duas, uma será realizada nesta quarta-feira (27), às 19h, no Museu Comunitário da Lomba do Pinheiro, mantido pelo Ipdae, integrando o projeto Música no Museu.
Para o pianista e professor de música do instituto Patrick Menuzzi, que está coordenando o projeto e os recitais, um dos pontos positivos dos eventos é treinar a habilidade de tocar em público:
— Só aprendemos a lidar com esse nervosismo de palco, a atingir um outro nível de expertise das notas que estão sendo estudadas depois que colocamos à prova isso num recital público.
Como se inscrever nas aulas
- A criança ou adolescente deve ir acompanhado de um responsável ao Ipdae e levar documento de identidade, comprovante de residência, comprovante de escolaridade e documento de identidade do responsável
- O instituto fica na Estrada João de Oliveira Remião, 7.193, no bairro Lomba do Pinheiro, e funciona de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 12h e das 13h30min às 18h, e no sábado, das 9h às 12h
- Para mais informações, é possível entrar em contato pelo telefone (51) 3336-3713
Produção: Isadora Garcia