Sete projetos sociais de Porto Alegre e Região Metropolitana receberam uma notícia reconfortante. Neste ano marcado por dificuldades, as iniciativas encontraram motivo para comemorar: foram contempladas pela edição 2020 do projeto Editais, promovido pelo Grupo RBS e pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho. O resultado foi divulgado às entidades na quarta-feira (25).
Nesta edição, o projeto Editais distribuirá mais de R$ 100 mil entre as entidades selecionadas, por meio de leis de incentivo fiscal. Tais repasses estão divididos em três categorias, permitindo maior pluralidade entre as áreas de atuação contempladas: R$ 17,7 mil, oriundos do Funcriança, serão repassados para iniciativas de Porto Alegre ligadas ao apoio a crianças e adolescentes que contribuam com o Serviço de Convivência e Fortalecimentos de Vínculos; por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, R$ 17,7 mil devem chegar até projetos de caráter desportivo que promovam inclusão social por intermédio do esporte e, preferencialmente, atuem em regiões de vulnerabilidade social; e, pela Lei Rouanet, R$ 67,5 mil serão destinados à ações de fomento, acesso e democratização da cultura, que visem estimular a música, as artes plásticas, a dança, a literatura e demais práticas e expressões culturais.
Selecionados
Desde 2016 apoiando iniciativas de alto impacto social no Rio Grande do Sul, os Editais já beneficiaram cerca de 15 mil pessoas. Entre as contempladas em edições passadas estão a Fábrica de Gaiteiros, liderada por Renato Borghetti, e a ação Olhar no Presente, Visão de Futuro, da Associação Gaúcha de Futsal para Cegos.
Neste ano, as entidades que se interessaram em concorrer aos recursos tiveram a chance de realizar a inscrição de 28 de setembro a 19 de outubro. A avaliação das propostas ocorreu entre 27 de outubro e 13 de novembro. Entre os projetos selecionados nesta edição, divulgados em 25 de novembro, quatro correspondem à área da cultura, dois desenvolvem atividades no âmbito do esporte e um está ligado ao apoio a crianças e adolescentes da Capital. Os valores conquistados nos Editais devem ser repassados às entidades ainda em 2020.
Confira as iniciativas contempladas:
A Arte de Pertencer
Por intermédio da Fundação Mauricio Sirotsky Sobrinho, a iniciativa A Arte de Pertencer, do Clube Social Pertence, contará com um incentivo de R$ 15 mil para a realização de suas atividades em 2021. Voltada ao atendimento de pessoas com deficiência intelectual, há nove anos o projeto oferece aulas de dança, teatro e música, além de proporcionar experiências socioculturais, de convívio e de acesso à cultura.
Em moldes presenciais, o número de atendidos gira em torno de 120. Mas, em razão da pandemia, as ações precisaram ser adaptadas ao formato remoto. Com isso, a capacidade de atendimento foi ampliada e, hoje, mais de 430 pessoas de diferentes regiões do país vêm sendo contempladas pela iniciativa.
— Nós sempre trabalhamos, justamente, o anti-isolamento. A pessoa com deficiência intelectual já passa por isso muito antes da pandemia, esse isolamento sempre fez parte da vida dela. Então, quando surgiu a quarentena, pensamos que todo o nosso trabalho nesse sentido fosse voltar para a estaca zero. Foi aí que veio a ideia de fazer as oficinas virtuais, algo que está sendo muito importante pra eles nesse momento —relata Geniane Pereira, produtora-executiva do projeto.
Com um custo total de R$ 394 mil, o projeto permanece na luta para conquistar todos os recursos necessários. A Arte de Pertencer aceita repasses via deduções no Imposto de Renda e doações diretas, não dedutíveis. Há, ainda, a possibilidade de atuar como voluntário nas ações desenvolvidas. Para informações, entre em contato pelo e-mail contato@clubesocialpertence.com.br.
Doutorzinhos
Para a equipe do projeto Doutorzinhos, palhaçada é coisa séria. Uma das contempladas pela seleção nos Editais 2020, com um repasse de R$ 20 mil, a iniciativa promove intervenções artísticas em 12 hospitais da Capital, além de uma instituição de atendimento a crianças com necessidades especiais. Por meio da arte da palhaçaria, os doutores-palhaços realizam visitas semanais nas entidades, levando alegria aos pacientes, familiares e profissionais da saúde.
Com o avanço da pandemia, as atividades do projeto, fundado há 14 anos, foram adaptadas. As visitas animadas e calorosas aos quartos dos pacientes transformaram-se em intervenções virtuais, e os doutorzinhos passaram a atuar, também, no apoio aos trabalhadores que estão na linha de frente do combate à doença dentro das instituições de saúde.
Pilar fundamental, segundo o coordenador Maurício Bagarollo, é o investimento na formação e qualificação dos voluntários, que garante os resultados obtidos ao longo dos 14 anos de atuação do projeto — que oferece, ainda, formação na arte da palhaçaria para jovens em situação de vulnerabilidade social. Nesse sentido, Maurício destaca como fundamental o incentivo conquistado por intermédio da Fundação:
— Nosso trabalho é a entrega da arte, e levamos isso muito a sério. Os investimentos que a gente faz são, sempre, pensando lá na ponta, no que vai ser entregue para o paciente, o acompanhante e o profissional da saúde. Esse valor ajudará muito na manutenção da qualidade do nosso trabalho.
Por meio de leis de incentivo fiscal e repasses diretos, a iniciativa aceita contribuições _ que podem ser acertadas pelo e-mail projetos@doutorzinhos.org.br. Estão abertas, ainda, as inscrições para interessados em atuar como voluntários. O preenchimento do formulário de seleção deve ser feito até 13 de dezembro e, aos selecionados, será ofertada formação em janeiro, de maneira virtual. Mais informações podem ser obtidas nesta página.
Esporte Clube Cidadão: Gastronomia
Promover a conscientização sobre o uso e descarte correto dos alimentos e ofertar qualificação profissional, impulsionando a inserção no mercado de trabalho para jovens de baixa renda. Esses são os objetivos do projeto Esporte Clube Cidadão: Gastronomia, desenvolvido pela unidade Restinga da Associação Cristã de Moços (ACM). A iniciativa — que visa oferecer formação na área de gastronomia para 240 adolescentes de 14 a 18 anos, moradores do bairro Restinga, na Capital — é uma das contempladas pelo projeto Editais. Com a seleção, deve receber um incentivo financeiro no valor de R$ 17,7 mil.
De acordo com a coordenadora técnica da ACM Restinga, Roberta Motta, a ideia era que as aulas iniciassem este ano. Contudo, com o avanço da pandemia, a captação de recursos ficou prejudicada e o projeto acabou não saindo do papel.
— Já temos toda a estrutura, só precisávamos de um empurrãozinho para iniciar. A gente tinha todo o projeto escrito e desenhado, mas não tínhamos o recurso. Com esse valor, conseguiremos contratar um profissional para já iniciar as aulas com os adolescentes — comemora a coordenadora, projetando o início das aulas para março de 2021.
Com a conquista do recurso necessário para o início das atividades, a expectativa é de que, ao fim dos 24 meses previstos para o primeiro ciclo de formações, ao menos metade dos participantes consigam uma colocação no mercado de trabalho. Haverá, ainda, um módulo do curso dedicado ao empreendedorismo, a fim de incentivar o início de uma carreira empreendedora no ramo da gastronomia.
O desafio que permanece, porém, diz respeito à captação dos insumos alimentícios que devem ser utilizados nas aulas. Neste quesito, a instituição segue em busca de parceiros e patrocinadores. Para saber mais detalhes sobre as possibilidades de ajuda à iniciativa, contate a ACM pelo e-mail acm.restinga@acm-rs.com.br.
Orquestra Jovem da AACAMUS
É por meio do contato com instrumentos musicais como o violino, a flauta doce, o contrabaixo e o piano, entre outros, que a vida de mais de cem crianças e adolescentes de escolas públicas da Capital vem sendo modificada. Entonando notas na Orquestra Jovem da Associação Amigos da Casa da Música de Porto Alegre (AACAMUS), os participantes encontram, ali, uma outra perspectiva de futuro em meio à arte.
Contemplada pelo projeto Editais da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, a iniciativa, existente há dois anos, deve receber um aporte de R$ 17,7 mil.
— Estamos muito gratos pela existência desse edital. Vai nos possibilitar adquirir mais instrumentos, camisetas que estão faltando, além das despesas com os ônibus que serão contratados para os concertos — explica a musicista e diretora da AACAMUS Angela Diel, que reitera a importância da iniciativa. — A gente vê o brilho nos olhos das crianças. Passamos a eles a ideia de que isso não é apenas para que tenham uma ocupação no turno inverso à escola, mas que escolham um instrumento, se identifiquem com ele e se profissionalizem. Quem sabe o futuro deles não é ser um artista?
Com, ao menos, seis concertos marcados para 2021, a Orquestra Jovem se prepara para os espetáculos por meio de atividades híbridas, a maioria de forma online. Os planos, a depender das condições sanitárias, é que as aulas e ensaios presenciais possam voltar em março. Junto a isto, iniciam os preparativos para a realização das apresentações, que devem começar em maio.
Mais informações sobre formas de ajudar a Orquestra Jovem, bem como a respeito da participação no projeto, podem ser obtidas pelo e-mail angeladiel@hotmail.com.
Pé na Tábua
Iniciado em 2015 com a realização de oficinas voltadas à prática do skate em regiões de periferia, o projeto Pé na Tábua, mantido pela Associação Esportiva e Cultural Pró-Esporte, foi um dos beneficiados pelos Editais 2020. Preparando-se para seu primeiro ano como iniciativa consolidada junto à Secretaria Especial do Esporte, vinculada ao Ministério da Cidadania, a ação foi contemplada com um repasse de R$ 10 mil. O valor vai auxiliar na implantação do projeto em 2021, quando passará a ofertar atividades semanais para crianças e adolescentes do bairro Bom Jesus, em Porto Alegre.
— Se não tivéssemos recebido, talvez o projeto não saísse do papel. Com o valor, vamos priorizar a contratação de um professor de Educação Física, comprar skates e equipamentos de segurança, comprar uniformes para os alunos, que receberão tênis, camiseta, bermuda e boné, e investir em materiais de divulgação — afirma Vinicius da Silva Alves, presidente da associação, a respeito do impacto do valor conquistado por meio do edital.
Com a conquista dos recursos necessários, o Pé na Tábua organiza-se para, a partir de março, dar início às atividades na comunidade do bairro Bom Jesus. A expectativa é atender 60 crianças e adolescentes da região, divididos em quatro turmas de 15 alunos, que receberão aulas duas vezes na semana. Para além do ensino da modalidade esportiva, o objetivo da ação é, a partir dos pés sobre o shape do skate e dos deslizes nas pistas, promover o desenvolvimento integral dos beneficiados.
— É ensinar a andar de skate, mas também é ensinar a andar com segurança, trabalhar a parte cultural, fazer atividades educativas, rodas de conversa, muito além de só subir e sair andando. Também ensinamos a fazer a manutenção dos skates, e tivemos casos em que isso virou fonte de renda — comenta Vinicius.
Para mais informações sobre o trabalho do Pé na Tábua e formas de ajudar, contate a iniciativa pelo e-mail contato@valorizeprojetos.com.br.
Primeiro Saque
Com o objetivo de educar por intermédio do esporte, o projeto Primeiro Saque, da Associação Amigos do Tênis, Assistência Social, Educação e Cultura para Crianças e Adolescentes (ATTECA), de Canoas, integra o grupo de contemplados pelos Editais 2020. A iniciativa — que oferece aulas de tênis, judô, futebol e natação, entre outras modalidades — receberá um repasse de R$ 7,7 mil.
O valor, segundo Mateus Triska, coordenador do projeto, possibilitará a contratação de profissionais qualificados e a compra de equipamentos e materiais.
Com capacidade para atender cerca de 80 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, a iniciativa se prepara para o próximo ano — o terceiro enquanto projeto vinculado à Secretaria Especial de Esporte. Apesar do cenário desafiador enfrentado ao longo de 2020 — quando parte das atividades precisou ser paralisada e a equipe passou a atuar no apoio às famílias no enfrentamento da crise —, a expectativa é de conseguir oferecer um atendimento ainda mais qualificado no ano que vem.
— Tivemos desde o início essa ansiedade de saber como poderíamos seguir. Os contatos que fazíamos com empresas, para captação, rendiam poucos recursos. Em junho, tivemos a sorte de ser contemplados em um outro edital, o que nos deu uma sobrevida — comenta Mateus, completando que a seleção nos Editais da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho tem um significado que ultrapassa a questão financeira. — O nome do Grupo RBS e da Fundação nos dá uma grande credibilidade. Isso vai gerando uma rede que também nos ajuda muito.
Outras formas de ajudar o Primeiro Saque passam, também, pela doação de cestas básicas, repassadas às famílias atendidas, e atividades de voluntariado. Para mais informações, contate a iniciativa pelo e-mail contato@valorizeprojetos.com.br.
Sol Maior
Atuando há 13 anos no fomento à cultura e à educação, a iniciativa Sol Maior será contemplada com um aporte de R$ 14,5 mil no projeto Editais. Atualmente, cerca de 450 crianças e adolescentes estudantes de escolas públicas da Capital, de seis a 17 anos, que se encontram em situação de vulnerabilidade social, são atendidos pela entidade. No projeto, os beneficiados realizam aulas de música, dança e canto, além de receberem apoio familiar, vale-transporte, lanche, uniforme, possibilidade de participar de passeios e encaminhamento para o mercado de trabalho, no caso dos adolescentes.
— Nossa missão é transferir valores para essas crianças e adolescentes, como a responsabilidade e a importância de se manter longe das drogas e respeitar suas famílias. Tudo isso é o que a gente busca como objetivo principal, e as oficinas de música, dança e canto são as ferramentas que usamos para atingi-lo — explica o presidente da associação, Cesar Franarin.
Com o início das medidas de contenção ao avanço do coronavírus, as atividades da associação precisaram ser adaptadas. As aulas, antes realizadas no Multipalco do Theatro São Pedro e em comunidades da Zona Norte, passaram a ser ofertadas de forma online. Diante do aumento das necessidades dos estudantes e suas famílias, a Sol Maior passou a atuar também na garantia da subsistência de seus atendidos. Segundo Franarin, subsistir também foi um desafio para a própria associação.
— Foi muito sério. Estávamos preocupados em não conseguir apoio financeiro para 2021 porque as empresas, não tendo lucro, não iriam investir — relata o representante da entidade, afirmando que o recurso conquistado através do edital da Fundação chega em um momento crucial.
Para manter sua receita, a instituição segue em busca de doações de pessoas físicas e jurídicas, que podem ser feiras por meio de deduções no Imposto de Renda. Há a possibilidade, ainda, de realizar contribuições espontâneas, não dedutíveis, entrando em contato com a Sol Maior pelo e-mail contato@solmaior.org.br.
Produção: Camila Bengo