A falta de componentes, as elevadas carga tributária e inflação e os juros altos comprometem o desempenho da cadeia automotiva. Com capacidade de produção de 4,5 milhões de veículos por ano, pouco mais de 2 milhões de unidades saíram das linhas de montagem de 2021. O desafio da nova diretoria da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) presidida por Márcio de Lima Leite.
A diretoria da entidade dos fabricantes empossada nesta segunda-feira (2) estará hoje (3) em Brasília para reunião com a equipe do ministro da Economia Paulo Guedes. Os executivos darão continuidade à colaboração da entidade com o governo e as negociações em temas como a reforma tributária e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados.
O desafio da competitividade foi destacado por Lima Leite como fundamental para o avanço dos produtos da cadeia automotiva, incluindo máquinas agrícolas, que têm padrão de qualidade internacional. “Nós precisamos dar competitividade da porta para fora, os nossos produtos são competitivos em qualquer país do mundo”. Defendeu que o país não pode exportar veículos apenas para a América Latina, mas para o mundo.
Juros e crédito
O novo presidente da Anfavea aposta na retomada do mercado interno e pondera que diversos fatores poderão contribuir. Um dos problemas que preocupa, como a inflação atual, foi definida por Lima Leite como um fenômeno global que caminha para se normalizar no Brasil e no mundo. Justificou que com os preços estáveis, o consumo pode voltar a crescer.
A redução das taxas de juros é fundamental para a volta da venda de veículos.
Para o executivo, é impensável uma de 27% ao ano que afasta o acesso do consumidor ao primeiro carro, do segundo carro ou até da troca do veículo. O novo presidente da Anfavea acredita que os juros deverão cair no futuro, o que facilitará a aceleração maior do crédito com acessibilidade para a volta das vendas financiadas a médio prazo.
Sétimo mercado mundial, o setor automotivo representa 20% do PIB industrial brasileiro com faturamento de R$ 330 bilhões. e gera 1,2 milhão de empregos, em 98 mil empresas. O setor responde por 35% das pesquisas e desenvolvimento no país. No período 2014 a 2028 serão investidos R$ 105 bilhões.
- As nossas fábricas e nossos produtos são apenas a ponta do iceberg de um enorme ecossistema de empresas, fornecedores de peças e insumos, prestadores de serviço, revendedores e uma variedade incrível de consumidores particulares e corporativos, todos interconectados”, afirmou Lima Leite.
Falta de componentes
O presidente da Anfavea lamentou que mais de 350 mil veículos deixaram de ser produzidos no país em 2021 por falta de componentes. Revelou que neste ano já passam de 100 mil. Além do programa de renovação de frota, anunciado pelo governo, Lima Leite defendeu a urgência da inspeção veicular.
Marcio Lima Leite, vigésimo presidente, em 65 anos da Anfavea, substituiu Luiz Carlos Moraes. Vice-Presidente de Assuntos Jurídicos, Tributários e de Relações Institucionais da Stellantis na América do Sul, atua há 21 anos nesse grupo empresarial - denominado Fiat até 2014, depois FCA (Fiat Chrysler Automóveis) a partir da fusão com o grupo Chrysler, e Stellantis desde janeiro de 2021, com a fusão da FCA com o grupo PSA. A Stellantis reúne 14 marcas, com destaque para Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e Ram.
Viagem a convite da Anfavea