Há um vácuo olímpico no Brasil. Tóquio está mostrando uma realidade que pode ser preocupante ou simplesmente encarada como natural e reversível. Faltam ídolos nos esportes individuais, aqueles que todo o país conhece e admira. Já houve tempos recentes em que se falava em Olimpíada e imediatamente se associava isto a atletas como Maurren Maggi, Daiane dos Santos, César Cielo, Torben Grael ou Thiago Pereira numa mesma edição dos Jogos.
Talvez resista desta casta o velejador Robert Scheidt, mas sem parceiros de mesma dimensão. Os personagens de hoje até apresentam resultados importantes, alguns melhores do que os de estrelas do passado. Seria muito bom sair do Japão com afirmações definitivas como personalidades nacionais. Isaquias Queiroz talvez seja o maior candidato, já tendo a bagagem positiva de 2016.
Figuras como Gabriel Medina e Ítalo Ferreira são gigantes, mas não são "olímpicos". Não se pode cobrar dos atletas. Eles seguem competindo, mostram talento e e buscam espaço. Talvez estejamos diante de uma crise institucional do esporte brasileiro.
Coincidência na água
Atual recordisata sul-americano dos 200 metros nado livre, o canoense Fernando Scheffer é o segundo nadador brasileiro a chegar a uma final olímpica nesta prova. Antes dele, apenas Gustavo Borges em 1996 havia obtido classificação. Naquela oportunidade, Borges ganhou a medalha de prata nadando na raia um.
Vinte e cinco anos depois, novamente uma raia externa será utilizada por um brasileiro. Quem sabe a superstição ajude o gaúcho Scheffer a também chegar ao pódio. Ele está sendo considerado uma agradável surpresa brasileira na natação, modalidade que ficou abalada com o péssimo desempenho na final do revezamento 4 x 100m livres.
Os ratos
Tóquio chama a atenção pela limpeza das ruas e pela ausência de lixeiras. Cada um cuida do lixo que produz sem deixá-lo exposto. Isto, porém, não evita que haja uma considerável incidência de ratos nas ruas, especialmente à noite. Existe muita preocupação das autoridades, seja para tentar exterminar os animais, como para garantir as condições sanitárias em bares e restaurantes. Quando um estabelecimento é autuado, o motivo fica exposto na porta: "Fechado por infestação de ratos".
Saudades do Rio
As conversas entre jornalistas em Tóquio estão revelando o diagnóstico comum de problemas encontrados nas Olimpíadas. Dois deles são flagrantes: a dificuldade de comunicação pelo fato de os japoneses não entenderem outro idioma além do seu — o inglês não é dominado por quem deveria orientar pessoas das mais diversas procedências, e informações desencontradas são constantes. Outra deficiência está no transporte, que transforma pequenas distâncias em demoradas viagens em função do trânsito. Não é coisa de brasileiro, e há até um exagero, mas muitos estão lembrando com saudades das Olimpíadas do Rio de Janeiro.
Senhas confusas
Uma das maiores queixas da chamada "Família Olímpica" é pela lambança feita pelos responsáveis pelo processamento de dados e acesso a sites e plataformas oficiais do Jogos. Normalmente, para se conectar há o uso de uma identificação constante, ligada ao número da credencial de cada um.
O problema está na senha que nem sempre é a mesma, embora formada pela data de nascimento. Para determinados casos, a ordem começa no dia do nascimento e termina com o ano. Em outros há a inversão, e ainda surge uma terceira possibilidade em que o número do mês vem antes dos dois. A confusão de números é permanente.
Medalha de Ouro
Raíssa Leal — Skatista de 13 anos é a medlhista mais jovem da história olímpica brasileira e um caso à parte nos Jogos de Tóquio. Sua figura espontânea, quase infantil, vem acompanhada pela competência de um atleta veterano. Vai virar mania nacional a "fadinha".
Medalha de Lata
Revezamento 4 x 100m livres do Brasil — Chegar em último na final olímpica não é vexame, mas fazer o pior tempo desde 2014 significa uma gigantesca decepção na natação.