Primeiro se criou a possibilidade do técnico Tite abrir mão de seu projeto profissional e pedir para sair do comando da Seleção Brasileira após o jogo contra o Paraguai nesta terça-feira (8) por total incompatibilidade com o presidente da CBF. O segundo ato mostrou Rogério Caboclo sendo afastado de seu cargo após o escândalo da acusação por de assédio moral e sexual contra uma funcionária.
Desta maneira, Caboclo não pode dar de presente a cabeça do treinador da Seleção ao presidente da República, conforme teria prometido. Se a situação da comissão técnica se mostra um pouco mais estável, isto não se representa uma certeza. O que é certo é que a troca do principal mandatário da entidade não altera muito a filosofia da instituição.
Com Rogério Caboclo fora, assumirá o mais antigo vice-presidente da CBF, o paraense Antônio Carlos Nunes — o Coronel Nunes, como é conhecido. Com uma saída definitiva de Caboclo, o favorito para uma nova eleição é o mineiro Castellar Neto.
Um ou outro dos possíveis sucessores, bem como qualquer um que venha a ser eleito, não mudará a linha de conduta diretiva. Provavelmente não haverá mais as atitudes inconvenientes, chulas, deselegantes e recorrentes do dirigente afastado. A postura da entidade, porém, seguirá a mesma, especialmente porque não estará ausente a fortíssima influência de Marco Polo Del Nero e até o dedo de Ricardo Teixeira, ambos banidos pela Fifa, mas presentes fortemente nos bastidores do nosso futebol.
Para o bem momentâneo, e tomara que permanente, a saída de Tite do comando da Seleção Brasileira já está mais distante. Quem está na intimidade do grupo garante que há estabilidade, mas pouco pode se afirmar em meio ao terremoto interno na CBF.
Certamente não partirá do Coronel Nunes uma decisão tão importante. Talvez dele não venha nem uma entrevista. Uma verdadeira revolução se avizinhava. É raro um técnico com bom desempenho deixar a seleção demitido quase que no mesmo momento da queda de quem o demitiria.
A inversão da ordem cronológica evita a mudança de treinador, que tem amplo apoio de sua equipe. Só o que se altera é a figura do inconveniente mandatário, que abandonou seus próprios parceiros e, por conta própria, bancou um acordo com o governo federal sem consultar seus caciques, seus parceiros a até ilustres e poderosos subordinados, deixando ainda como cereja do bolo a gravidade de posturas pessoais desmoralizantes pelas quais vai responder. Dos gabinetes da Barra da Tijuca, porém, pode sair apenas um personagem, mas a filosofia continuará a mesma.