Um ditado popular diz que "porta arrombada, tranca de ferro", caracterizando correções tardias para problemas previsíveis. No Beira-Rio, isto está sendo visto para que se faça valer outra máxima, a de que "antes tarde do que nunca".
Desde o final do Brasileirão de 2020, já em 2021, a diretoria colorada tinha escancarada em sua frente a necessidade de o Inter contratar um zagueiro e um lateral-esquerdo para não deixar em situação delicada seu elenco.
Tais necessidades não foram tratadas com a prioridade que mereciam. O resultado é que faltou quantidade e qualidade no setor defensivo, algo que colaborou para fracassos como a perda do Gauchão, a eliminação na Copa do Brasil, e gerou uma crise de desempenho que derrubou o técnico Miguel Ángel Ramírez.
A chegada de Diego Aguirre já mostrou uma postura diferente dos dirigentes que se lançaram no mercado. O zagueiro uruguaio Bruno Méndez é a primeira providência, buscada no Corinthians. Há também a intenção de repatriar outro defensor, o alegretense Sidnei, que está no Betis, da Espanha.
O mais interessante, e correto, é que uma ação não exclui a outra. Ter dois novos reforços para o setor pode significar o preenchimento desta grave lacuna, ainda que não tenha se avaliado detalhadamente a situação técnica dos jogadores. Do jeito que está, só o fato de contratar já estanca a hemorragia.
Vale algo parecido na lateral esquerda, onde o procurado é o jovem e pouco conhecido Paulo Victor, do Botafogo. Da mesma maneira que na zaga, só o fato de haver o interesse e a tentativa de uma contratação já mostra o diagnóstico da deficiência no setor.
Por certo, Diego Aguirre está apreciando a disposição daqueles que o contrataram em dar melhores condições para recuperar o time com um elenco mais equilibrado. Isto certamente anima quem viu uma atuação muito ruim da equipe contra o Ceará.
A simples movimentação na busca destes reforços já mostra que houve reconhecimento do equívoco anterior, escondido atrás de um discurso de que se confiava na base, mas que escondia falta de dinheiro e erro de avaliação.
Também surge a dúvida de como era a relação entre direção e antigo treinador no que diz respeito à participação conjunta na resolução dos problemas. Enquanto Diego Aguirre já chega com a diretoria no vestiário participando do processo, Miguel Ángel Ramírez deixou a imagem de quem recebeu as chaves, trancou-se com seus jogadores e se blindou de ordens superiores, como se houvesse sido feita uma terceirização das responsabilidades para o treinador. Claramente, as coisas mudaram, e isto animará Aguirre.