Quem viu o Grêmio treinado por Tiago Nunes ganhar o Gauchão sem derrotas ou a campanha notável na fase de grupos da Copa Sul-Americana e com um desempenho mais estável do que o apresentado sob o comando de Renato Portaluppi teve a certeza de que havia uma evolução técnica e tática na equipe.
O Brasileirão aparecia como a competição a ser disputada desde o início com pretensão de título. Jovens lançados correspondiam, Thiago Santos dava estabilidade ao meio-campo, Diego Souza se empanturrava de fazer gols e ninguém parava Ferreirinha. Menos de um mês depois, tudo mudou. Já existem críticas fortes ao treinador, e a cogitação com jeito de campanha para uma mudança no comando tricolor.
A partir da conquista do tetracampeonato gaúcho, é bom se fazer uma retrospectiva de imprevistos que atrapalharam demais a vida gremista. Um surto de covid-19 derrubou jogadores importantes, como Ferreira, Diego Souza, Rafinha e, mais recentemente, Brenno — ou ainda opções promissoras como Darlan, Pedro Lucas e Léo Chu.
Isso sem falar no próprio treinador Tiago Nunes e o preparador de goleiros Mauri Lima. Ficou a impressão de que a festa do título estadual desencadeou um processo de desintegração daquilo que se mostrava consolidado para o Grêmio se candidatar a lutar pelo título brasileiro. Pelos mais variados motivos, o rumo foi perdido na Arena.
De lá para cá, a figura mais exposta, mesmo tendo ficado afastado por alguns jogos, foi Tiago Nunes. E ele colaborou para o desgaste que hoje leva ao exagero de gremistas cogitarem até sua saída do cargo.
O treinador não só testou, mas insistiu com alternativas improdutivas como dois volantes de contenção jogando juntos e com Luiz Fernando no ataque. Na utilização de jovens, não dar mais oportunidades a Fernando Henrique e Guilherme Guedes desagrada à torcida e não mereceu uma boa justificativa.
A insistência com Paulo Victor como substituto de Brenno também se mostrou equivocada, embora não admitida. Completando tudo isto, perdeu-se a qualidade coletiva do final do Gauchão.
Bastou aumentar o nível dos adversários e as armas gremistas foram neutralizadas, algo que não foi bem compreendido pelo treinador. As entrevistas de Tiago Nunes mostram que ele já percebeu que existe uma pressão inesperada sobre ele.
A falta de paciência é nítida, mas não pode ganhar respaldo internamente no clube. Por mais que já se possa considerar comprometida a luta tricolor pelo título brasileiro com as três derrotas em três jogos, vale esperar pelo menos que o técnico tenha seu time em boas condições para retomar resultados e desempenho, corrigir seus deslizes ou para capitular diante das críticas.