O Campeonato Gaúcho de 2021 conquistado pelo Grêmio ficará marcado como o da afirmação de Ferreira. O jogador de 23 anos, que era reserva na temporada passada, mostrou no Gauchão que está pronto para ser o próximo da linha sucessória de atacantes de lado de campo formados na base do clube seguindo os passos de Pedro Rocha, Everton e Pepê.
Diferente dos outros três jogadores que também atormentaram defensores neste ciclo vencedor do Grêmio, iniciado com a Copa do Brasil de 2016, Ferreira nem sempre foi tratado como uma joia. O garoto, natural da cidade de Dourados, no Mato Grosso do Sul, chegou à base gremista já para o sub-17, quando pensava em desistir do sonho de ser jogador profissional, conforme contou em entrevista à GZH em março.
— Tinha feito testes em alguns clubes do interior do São Paulo quando houve a chance de vir a Porto Alegre. O teste no Grêmio seria dois meses depois e eu comecei a pensar. Já havia feito muitos testes, via também meus pais trabalhando e eu apenas gerando despesas. Então pensei em desistir e ir procurar um emprego para ajudar em casa porque já estava com 16 anos. Todo mundo dizia que era difícil ser aprovado nessa idade sem ter vindo de outro clube. Felizmente, passei — relembrou.
Antes de estrear pelo profissional do Grêmio, em 2019, Ferreira esteve emprestado a Toledo e Cianorte, ambos do Paraná. Também atuou pelo Aimoré, onde não conseguiu completar o Gauchão daquele ano devido a uma fascite plantar. O retorno ao Tricolor se deu para realizar a recuperação sem a certeza de que seria aproveitado.
Um tratamento feito com aplicação de células-tronco na lesão fez Ferreira se livrar das dores que até então pareciam insuportáveis. Depois de quase deixar o clube foi integrado ao elenco de transição comandado pelo técnico Thiago Gomes, onde marcou 12 gols em 16 partidas na campanha do vice-campeonato gremista no Brasileirão de Aspirantes.
— O Ferreira é um grande exemplo da importância do time de transição do Grêmio porque era um atleta com muita qualidade, mas que precisava evoluir alguns detalhes do jogo, como ações defensivas, entendimento tático e a própria finalização. Ele foi, aos poucos, evoluindo dentro do processo. Em 2019 esteve para sair por empréstimo para o São José, onde ficaria até o final do seu contrato com o Grêmio. Como treinador, sempre apostei nele e a direção deu apoio. Ele comprou a ideia e 2019 foi um ano especial, em que ele se tornou destaque da equipe de aspirantes, renovou contrato e subiu ao profissional — recorda Thiago Gomes.
O sucesso de Ferreira no time de transição o levou a atuar no Brasileirão de 2019, quando disputou quatro partidas e marcou um gol na vitória sobre o Cruzeiro, na penúltima rodada. Tudo parecia pronto para a afirmação em 2020, mas um imbróglio na renovação do novo contrato o afastou do elenco principal.
Foram sete meses fora do time até a volta no empate como Fortaleza, pelo Brasileirão, em 13 de setembro. Após oito meses desse retorno, Ferreira está consolidado como o craque da campanha do tetracampeonato gaúcho.
Os números mostram a importância do camisa 11 neste começo de temporada gremista. No Gauchão, ele anotou quatro gols e deu quatro assistências, participando diretamente de oito gols, mais de um quarto (26,6%) dos 30 do Grêmio no Estadual. Levando em conta todas as competições, o impacto é ainda maior. Entre gols e assistências, Ferreira tem participação direta em 18 dos 61 gols do Tricolor, 29,5% do total.
Ferreira com a camisa do Grêmio:
- 66 jogos (3362 minutos)
- 16 gols
- 11 assistências
Ferreira na temporada 2021
- 21 jogos (1762 minutos)
- 11 gols
- 7 assistências
Ferreira no Gauchão 2021
- 13 jogos
- 4 gols
- 4 assistências