Não foi nenhum momento de fraqueza do capitão colorado Rodrigo Dourado quando, ao final do último Gre-Nal, ele reconheceu e lamentou a incapacidade do Inter de derrotar o rival na grande maioria dos últimos clássicos. Ao dizer que não sabia o que fazia ele e seus companheiros não executarem jogadas treinadas quando em confronto com o Grêmio, o volante apenas disse algo que vem sendo visível por qualquer analista com um mínimo discernimento futebolístico.
Os gremistas criaram para si a imagem de que sabem ganhar, enquanto seus adversários se mostram impotentes. É atrás de desmentir tudo isto que os comandados por Miguel Ángel Ramírez entrarão em campo neste domingo (16).
A derrota para o Táchira criou algumas dificuldades técnico-táticas para o Inter resolver. Acentuaram-se problemas antigos como os defensivos e faltaram soluções de meio-campo e ataque que pareciam já coisa superada. Há, porém, o desafio mental a ser vencido.
O que Rodrigo Dourado revelou naquele final de jogo é que precisa ser combatido para no final da partida se mostrar desmentido. Os colorados estão diante do primeiro grande teste de seu treinador como gestor de vestiário, de parceiro dos atletas e de mobilizador.
Até agora, pouco se sabe deste lado de Miguel Ángel Ramírez. Que ele é educado, simpático e idealista já se viu. Desta vez é preciso buscar algo mais, uma capacidade de entrar na mente de seus jogadores para exorcizar fantasmas que foram reconhecidos por seu capitão.
O passado de Ramírez tem bons indícios de que ele sabe ganhar o grupo e fazê-lo ganhar. Sua saída do Independiente del Valle, depois de uma passagem vitoriosa, gerou comoção em todos os setores do clube equatoriano, incluindo aí os atletas. Seja com sorrisos, com ternura ou com energia e tom alto de voz no momento certo, o treinador precisa agir diretamente na cabeça do grupo, seja para que se cumpram as ordens táticas ou para que surja a tranquilidade que não vem se registrando em Gre-Nal.