Jamais se pode atuar numa Libertadores, por mais tradição que o time possua, sem valorizar e respeitar os adversários — especialmente quando eles são mandantes dos jogos. É justificado o discurso de Miguel Ángel Ramírez sobre o desconhecido Always Ready, mas o técnico sabe que o maior perigo em La Paz não está na equipe boliviana. A altitude de 3,6 mil metros é o grande inimigo colorado nesta terça-feira (20).
Não se trata de desvalorizar o representante da Bolívia no grupo, mas é inconcebível que tecnicamente, em igualdade de condições, ele signifique uma ameaça ao Inter, vice-campeão brasileiro. Trata-se de uma lógica do futebol.
Esta mais do que tendência, porém, é pulverizada quando existe uma altitude como a de La Paz. Sempre um clube que joga em casa a mais de 3 mil metros terá grande vantagem contra quem chega praticamente do nível do mar. Não interessam valores individuais ou esquema tático do oponente. Falta ar para quem não está habituado a atuar no altiplano.
O Inter não está proibido de ter um bom resultado na sua estreia na Libertadores, longe disto. Existem muitos precedentes para isto, e o colorado vai munido de boas estratégias para minimizar os efeitos do ar rarefeito.
O que está sendo dito pelo treinador não deixa de ser correto, mas ele jamais pode admitir temor pela altitude, pois isto pode funcionar negativamente no aspecto psicológico de seu grupo.
Está certo Ramírez, embora sabendo que suas palavras escondem estrategicamente a maior verdade da partida antes dela começar.