Poucas vezes se viu tantos assuntos inéditos cercando um jogo da Libertadores. O Grêmio começa seu confronto com o Independiente del Valle depois de um festival de ocorrências, cujo reflexo provável, mas imprevisível, será visto no gramado do Defensores del Chaco. Por certo, o jogo será diferente daquele que se projetava quando os gremistas saíram de seu último compromisso, o clássico Gre-Nal.
A relação de fatos é algo nunca visto e que começa com o diagnóstico de covid-19 para o Renato Portaluppi, que fica fora da viagem ao Equador. A sequência apresenta mais dois casos positivados na chegada àquele país, o que causa um alvoroço e alerta as autoridades equatorianas.
Veio, então, a proibição da saída da delegação do hotel para o treinamento, o que causou um protesto gremista. No mesmo dia, a Conmebol adia o jogo e o transfere para outro país. Imaginem. Sair de Porto Alegre para atuar em Quito, chegar lá e mudar o destino para o Paraguai. É maluco. Não bastando isto, novos casos de atletas com sintomas da doença fazem com que eles sejam afastados.
Um avião especial é contratado para o retorno dos contaminados e suspeitos. Enquanto isto, a delegação vai para Assunção, e de Porto Alegre saem atletas para compor o elenco. No dia da chegada, surge a notícia de que um cidadão paraguaio entrou com um processo para impedir a partida. Isso sem falar que começou a ser discutido o jogo de volta. É uma verdadeira maluquice. Só que a bola vai rolar, e de maneira decisiva.
Se o Grêmio se beneficia por não sofrer mais com o efeito da altitude, a perda dos laterais pela direita cria a necessidade de Alexandre Mendes lançar mão de um garoto sem experiência na equipe principal ou improvisar no setor. A perda de um dia sem atividade em Quito e as viagens podem afetar o lado físico dos atletas, mas o adversário também vai ter lá seus prejuízos. O segredo do jogo começa pela concentração do time. O festival de ocorrências não pode ter tirado o foco dos atletas.
É normal se temer que tantos fatos relacionados à saúde possam afetar a cabeça de quem entra em campo. No mais, as necessidades em relação a desempenho seguem sendo a de compactar a movimentação do meio-campo, talvez com três volantes, cuidar do jovem setor defensivo e procurar o contra-ataque como arma.
Quem sabe ainda se possa contar com um desacerto do adversário, que perdeu seus 2,8 mil metros da altitude e se viu precisando jogar no Exterior uma partida em que é mandante. Um empate não é ruim para o Grêmio. Com gols, será muito melhor. Se ganhar, pode se preparar para a fase de grupos.