Quem acompanhou o Grêmio de Renato Portaluppi em 2016 e 1017 aprendeu a ver uma equipe que primava pela velocidade para execução das jogadas ao mesmo tempo em que tinha um primoroso controle da posse de bola. Eram comuns os sufocos iniciais, marcando adversários na saída de jogo e com gols definindo partidas ainda no primeiro tempo. Isso não existe mais há algum tempo, mas ficou escancarado no primeiro jogo da decisão da Copa do Brasil. O Tricolor é lento demais para propor jogo e quase estático para acompanhar contragolpe dos adversários. Na linguagem popular da bola, faltam pernas para quem já foi exemplo de intensidade.
A qualidade de Maicon ainda faz diferença no meio campo e, mesmo mais lento na movimentação e sem aguentar um jogo inteiro, pode ser escalado, desde que haja compensação pelos companheiros. Assim era nos tempos em que o "maestro" Douglas tinha compensada sua falta de velocidade pela atividade dos colegas. Isso é que falta ao Grêmio atual. Por característica, Jean Pyerre não é intenso. Diego Souza, na frente, menos ainda. O que espanta é que jogadores como Pepê, Matheus Henrique e Alisson mostram uma carência física que os impede de chegar com energia ao final das partidas.
Sem a intensidade de anos anteriores, o sistema de jogo e a mesma proposta das temporadas vitoriosas ficam comprometidos. Talvez seja preciso buscar um repertório mais rico, se é que isso é possível. O Grêmio só correu verdadeiramente quando mudou o time, colocando basicamente jovens, mas diante de um Palmeiras que já tinha um jogador a menos. Houve intensidade, mas foi perdida a organização. Embora muitos casos explicáveis de dificuldades físicas, cada vez são reforçadas pelos fatos as dúvidas sobre a preparação tricolor e a possibilidade de alterações no setor. A pressão final no jogo da Arena pode dar uma perigosa falsa impressão, mas faltou perna para o time de Renato Portaluppi.