A cada jogo do Grêmio, mesmo em insucessos como o do Gre-Nal do último domingo (24), fica claro um dos grandes equívocos de Renato Portaluppi na temporada. O treinador deixou Kannemann no banco de reservas no jogo contra o Santos na Vila Belmiro, pela Copa do Brasil.
Isto não se comprova apenas pela má atuação naquela noite do substituto, David Braz, e pela goleada sofrida. As partidas posteriores, com o retorno do argentino, mostraram que ele é peça fundamental no mecanismo tricolor que tem em sua defesa, a menos vazada do Brasileirão, uma marca.
A recente lesão de Pedro Geromel confere a Walter Kannemann não só o protagonismo na zaga tricolor, mas também a braçadeira de capitão que passou a ser do argentino. Tal situação não se tornou comum nestes anos de titularidade de Kannemann. Maicon, Geromel e até David Braz estiveram na capitania da equipe . Agora, tornou-se algo mais do que simples exclusão. É uma necessidade, algo estratégico.
Kannemann se tornou no atual time titular o último remanescente do melhor Grêmio desta já longa Era Renato. Tecnicamente, é uma liderança incontestável, e sua autoridade numa disputa de bola o coloca como aquele que popularmente se chama de "xerife" de uma defesa.
Ele talvez encarne melhor esta figura do que o próprio Geromel, alguém cuja eficiência é marcada sobremaneira pela qualidade técnica e pelas jogadas precisas, clássicas e que chegam a disfarçar o vigor que também existe. Além disso, os próprios zagueiros mais novos já buscam seus conselhos e orientações.
O Grêmio, em meio a apresentações irregulares e com menos vitórias do que necessita, com jogadores jovens, com inconstância entre os referenciais técnicos e sem uma palavra forte dentro de campo, não pode abrir mão de Kannemann jogando e representando o técnico.
Sua personalidade ajuda, mesmo que possa se temer por algum excesso numa reclamação ou numa disputa de bola. Ainda assim, no atual momento, sem Geromel e com Maicon se limitando a poucos minutos em campo, é hora do xerife, que, como recompensa, poderá ter uma Copa do Brasil a levantar após a decisão contra o Palmeiras.