A derrota para o Boca Juniors no Beira-Rio tinha toda a cara de eliminação antecipada do Inter na Libertadores. O resultado daquele jogo apenas foi parte de uma sequência de insucessos seguidos dentro do campo no Brasileirão e na Copa do Brasil. Além do desempenho pífio da equipe o ambiente colorado parecia contaminado com uma balbúrdia institucional em função da troca de comando político no vestiário e a saída da comissão técnica comandada por Eduardo Coudet. Ganhar na Bombonera passou a ser sonho e a classificação era encarada como milagre. Pois ele quase aconteceu, mas ficou no quase e houve a eliminação para quem era o favorito antes do confronto começar.
A desclassificação colorada em Buenos Aires não passou por Abel Braga. O técnico que voltou ao banco de reservas parecia reviver seus grandes momentos no próprio Inter, seja no Gre-Nal do Século ou no mundial contra o Barcelona. A frustração veio nos pênaltis, como o próprio Abelão havia provado o amago gosto em 1989 contra o Olímpia na Libertadores. Ele, porém saiu-se bem da partida, cuja vitória era improvável. Por mais discutível que possa ser, o técnico optou por manter Rodinei na lateral-direita, promover Moisés e sua energia na lateral-esquerda, retirar D'Alessandro do time e colocar o jovem Praxedes, e preterir Yuri Alberto para colocar Marcos Guilherme. Tudo isto foi aprovado pela atuação nos 90 minutos, embora demolido com o resultado dos pênaltis.
Se é verdade que o Boca Juniors ficou longe da atuação competente apresentada em Porto Alegre, isto também é do jogo. Não interessa se foi soberba, falta da torcida ou se o time é inferior ao de outros tempos. Valeu para o eliminado Inter que ele foi valente, jogou mais do que o adversário e teve destaques como o jovem Praxedes ou o experiente Patrick, o melhor em campo. Com o moral de quem vendeu caríssimo a classificação para um multicampeão, o time de Abel Braga passa a ter um difícil desafio, o de repetir o desempenho da Bombonera no restante do Brasileirão. Na competição nacional a distância para o líder São Paulo já é praticamente impossível de ser tirada, mas a chegada no G-4 não está descartada, basta reeditar o jogo de Buenos Aires.
Se é possível ser o Inter da Bombonera daqui para a frente no Brasileirão passa a ser a grande dúvida dos colorados. A eliminação, por mais honrosa que possa parecer, tem tudo para abater o elenco em função da frustração. O clube vai para o final do ano com muitas mudanças e outras tantas indefinições. Prever a reedição de uma noite que esteve a um pênalti de ser histórica é difícil, entrando no rol das possibilidades, mas não das tendências.
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