Não é preciso ser titular absoluto de uma equipe para cair nas graças da torcida. Claro que a utilidade tática e um bom desempenho técnico ajudam muito, mas o fundamental nesta combinação é a dedicação. O torcedor é muito sensível ao comprometimento, à garra, àquilo que um dia se chamou de "amor à camisa".
Assim foi com o centroavante Jael no Grêmio campeão da América em 2017. Longe de ser um craque, nunca se rebelou por ser reserva de Lucas Barrios ou mesmo quando Renato Portaluppi colocou o meia Cícero no comando do ataque. Simpático e positivo, o atacante mato-grossense que hoje está no Japão, que tomava chimarrão e comemorava a Semana Farroupilha, foi decisivo na maior conquista da Era Renato e importante em outros jogos em que entrou.
Quem não lembra do golaço de Jael cobrando falta em um Gre-Nal na Arena, ou da assistência para Cícero garantir a vitória na primeira final da Libertadores contra o Lanús? Naquele jogo, aliás, vale recordar que o centroavante sofreu um pênalti claro sonegado pela arbitragem que encerrou o jogo antes de consultar o VAR.
Depois de ser tratado com certa desconfiança e até como peça folclórica, ele capitalizou tudo sendo exemplo de disciplina tática, até pela gratidão que tinha pelo treinador Renato que o indicou e avalizou suas renovações de contrato.
Seguindo passos semelhantes está Diego Churín. Com dois gols marcados com a camisa gremista, o atacante argentino compensa alguma dificuldade técnica com muita intensidade. Ele corre o que pode e até o que não pode, tem presença forte na área, se impõe pelo físico avantajado e sempre se manifesta com simpatia em suas entrevistas.
A luta o distingue e o torcedor reconhece. Renato Portaluppi também tem motivos suficientes para estar aliviado para ausências eventuais e necessárias do veterano Diego Souza. Churín é extremamente útil. Para ser um novo Jael falta ainda o caráter decisivo em jogos importantes, mas não faltarão oportunidades.