O atacante Luciano cometeu, no mínimo, uma indelicadeza com o Grêmio na sua apresentação no São Paulo. Todo feliz ao mostrar a nova camisa 11 do tricolor paulista, o atacante se saiu com a frase: "Joguei em muitos clubes, mas o São Paulo é o maior". O objetivo, por certo, era atingir um arqui-rival são-paulino, o Corinthians, onde também atuou. O que ele não lembrou é que dias antes, ele vestiu a camisa gremista, outro tricolor tricampeão da Libertadores que lhe proporcionou salário em dia e condições ideais de trabalho. Em tempo de redes sociais ávidas por deslizes pessoais, não ser claro é pecado mortal, mesmo quando a intenção não é ruim.
Para piorar em relação ao Grêmio, o atacante disse que não vinha tendo oportunidades, o que é uma reclamação legítima. Seria melhor, no entanto, que ele reconhecesse que não aproveitou bem as oportunidades que teve porque se notabilizou por perder gols, não mostrar a competitividade exigida e, internamente, demonstrar convicção que seu futebol era melhor do que realmente o é. Bastaria a Luciano festejar seu novo clube e a nova oportunidade sem buscar provocações que geram interpretações dúbias.
Talvez não tenha faltado humildade ao novo jogador do São Paulo. Faltou preparo, seja dele próprio ou do estafe que o cerca. Um atleta do nível de Luciano tem agente, procurador, empresário e assessor de imprensa. Será que nenhuma destas pessoas é capaz de orientá-lo. O que o Grêmio, último clube do atacante, tem a ver com as provocações entre rivais paulistas. A não ser que realmente haja um ressentimento não explicado contra o clube gaúcho. Se ele quis ser engraçadinho contra corintianos e fazer média com os são-paulinos, acabou ofendendo os gremistas.
Recentemente o jovem Yuri Alberto se apresentou no Inter. Claramente o atacante foi para sua apresentação com conhecimento de seu novo clube, do ambiente e até da rivalidade gaúcha. Em momento algum ele criticou o Santos, de onde saiu por não ter acertado a renovação de contrato. Independentemente da diferença entre as pessoas, ali estava um profissional bem assessorado. No caso de Luciano, faltou o chamado assessor pessoal ter feito um bom trabalho, visto que o setor de comunicação do São Paulo é reconhecido como um dos melhores do Brasil e deve ter sido pego de surpresa pela inabilidade do novo contratado diante do microfone.