O Brasileirão 2020 começa neste final de semana com um favorito destacado. Não há como negar que o Flamengo, pelo grupo que tem, a estrutura montada e o currículo recente, larga em vantagem. A dupla Gre-Nal, com o Grêmio à frente do Inter, também pode ter ambições na competição, mas nunca gozar de favoritismo inicial. Será preciso conquistar espaço. Embora todas as vantagens prévias aparentes do atual campeão do Brasil e da América, ele não está imune a abalos, especialmente no ano mais imprevisível da história da competição.
O que vale para Grêmio e Inter valerá para todos. É preciso torcer para o Flamengo ter alguma instabilidade, seja pela mudança de treinador, por uma soberba que já aparece nos dirigentes e que possa contaminar o elenco ou por fracassos pessoais entre os jogadores, embora com o elenco que tem o clube, seja complicado prever isto. Todos estarão secando o Fla inevitavelmente. Ele é o inimigo comum a ser batido, pelo menos no começo da disputa.
Na teoria, se pode esperar um bom Brasileirão do novo rico Atlético-MG com seu alto investimento na comissão técnica de Jorge Sampaoli, num número de reforços que não se viu em outro clube ou mesmo no estilo ambicioso e até megalômano de sua diretoria. Outro candidato é o Palmeiras, menos endinheirado, mas com um elenco de alta capacidade, comandado por um Luxemburgo aparentemente com pés no chão e cabeça no Allianz Parque. No mais, o que se vê é nivelamento e a inclusão do experimentado Grêmio de Renato neste primeiro escalão é perfeitamente compreensível e justificável.
Ao Inter de Eduardo Coudet é permitido sonhar com algo no campeonato desde que sustente atuações de bom nível como as apresentadas na Libertadores antes do Gre-Nal ou nos jogos contra Aimoré e Esportivo no Gauchão. O projeto colorado foi derrotado no regional, mas goza de grande conceito e respeito na mídia nacional. Isto pode ser capitalizado, mas é preciso jogar mais, resolver-se em jogos cujo padrão é o do clássico Gre-Nal, a pedra contundente no sapato do clube. O Brasileirão permite uma consolidação de trabalho, embora o calendário de 2020 seja conturbadíssimo e desde que não haja tropeços comprometedores e traumatizantes.
Todas as teorias, mesmo as mais cautelosas, podem cair por terra num campeonato em que não há público nos estádios, em que jogadores e elencos ficam sujeitos a uma pandemia com testes constantes de sanidade ou que as preparações foram totalmente diferentes. Viagens, hospedagens, concentrações, tudo é diferente fora de campo e ninguém pode garantir que não haverá influência dentro das quatro linhas, seja para o favorito Flamengo ou para aqueles cuja fuga do rebaixamento é o primeiro objetivo. No Rio Grande do Sul temos um candidato razoável a uma boa campanha sedento de um título, o Inter; e um grande postulante às primeiras colocações já bem conhecido e respeitado pelos demais, o Grêmio. Vamos deixar a bola rolar e, claro, conferir o Fla, com aquela secadinha básica dos inimigos.