Não se pode discutir o esforço das atuais diretorias de Grêmio e Inter para manter sob controle as finanças dos seus clubes. No período pré-pandemia já se salientava que havia uma sucessão de superávits nos balanços tricolores e diminuição dos prejuízos herdados pela gestão colorada de sua antecessora.
Com a situação gravíssima que se apresentou, seguem as qualidades diretivas de Romildo Bolzan Júnior e Marcelo Medeiros, mas se escancaram as diferenças das realidades na Arena e no Beira-Rio.
O Grêmio, com desempenho econômico estável, enfrentou as primeiras dificuldades renegociando vencimento de profissionais, adequando férias e cargas horárias. Não houve ainda na Arena, e se trabalha para não haver, a necessidade de redução de quadro funcional.
Um desafogo poderia surgir nos próximos meses com uma grande negociação, talvez Everton, ou ainda com a possibilidade de vendas na Europa de ex-gremistas como Tetê e Arthur. Outra notícia esperada é a volta das competições antes de agosto, o que faria os recursos da TV voltarem a aparecer.
O Inter não faz nenhuma aberração administrativa, mas as dificuldades crescentes já o fizeram demitir funcionários, além de tomar todas as outras medidas de enxugamento. Por mais que esteja trabalhando com clareza, o clube não está escapando do atraso no pagamento de salários, mesmo após renegociações iniciais.
O problema se agrava na medida em que o mercado não apresenta perspectiva de um negócio redentor para atletas do atual grupo ou ex-colorados. No Beira-Rio cada acerto individual com jogadores do elenco soa, justificadamente, como conquista.
Se um próximo balanço do Grêmio pode quebrar o azul dos últimos anos, o futuro das finanças coloradas possivelmente enfrentará um vermelho bem mais acentuado. Erro das direções? De jeito nenhum. Tudo poderia estar bem pior, não fosse a responsabilidade dos atuais dirigentes. O que não se pode negar é que o Gre-Nal do dinheiro, que já era a favor do Tricolor, tende a dilatar bastante o placar.