Não é muito tranquilo dizer que um jogador que está atuando num clube há pouco mais de um ano, que não foi ainda campeão por esta equipe ou que sequer marcou gols no jogo de maior rivalidade do time já esteja na história da agremiação. Não é o caso de Paolo Guerrero no Inter, especialmente quando se faz uma seleção dos melhores estrangeiros que vestiram a camisa colorada ao longo de 111 anos. O peruano já está habilitado a figurar como titular do ataque deste time.
A contratação de Guerrero em 2018 gerou polêmicas pois havia a questão da idade e da suspensão por doping. A estreia aconteceu apenas em abril de 2019, exatamente no dia dos 50 anos do Beira-Rio e com um gol marcado. Há quem diga que isto já sinaliza algo. Sinal ou não, Guerrero no Inter foi notícia fora das fronteiras brasileiras. Os peruanos deliraram pelo maior ídolo nacional voltar a jogar e, poucos dias depois, protagonizaram cenas de fanatismo puro ao receberem a delegação colorada no próprio país e na Argentina, onde nem D'Alessandro foi tão saudado quando o Inter chegou para enfrentar o River Plate pela Libertadores.
Dentro do campo, mesmo sem marcar em Gre-Nal ou não tendo faixa no peito neste primeiro ano, se nota uma solução para um problema crônico do time. Existe um grande centroavante, algo que há muito não se via e cuja última lembrança é o Leandro Damião de 2011/ 2012. A média de quase meio gol por jogo na temporada (24 gols em 49 partidas) é a prova positiva para o peruano. Por efetividade e simbolismo, Guerrero só tem parâmetro entre os centroavantes estrangeiros colorados em Villalba. Nos anos de 1940 este argentino foi ídolo no "Rolo Compressor", ao lado de Tesourinha e Carlitos, tendo a seu favor o fato de ser até hoje o segundo maior artilheiro colorado em clássicos (perde para Carlitos). Fica para estes dois "gringos" duas posições no ataque colorado de todos os tempos para os que não nasceram no Brasil.
Só para lembrar tentativas recentes de estrangeiros no ataque, o Inter já buscou Cavenaghi, Luque, Lisandro Lopez, Scocco e Ariel, para citar os argentinos. Quem melhor se deu nos últimos tempos foi o uruguaio Nico Lopez, mas que fica longe de ser cogitado para alguma seleção colorada na história. Todos são de uma grandeza inferior. Guerrero, já como atleta do Inter, segue sendo o principal jogador da seleção peruana e foi um dos artilheiros da última Copa América.
Mesmo com características e posições diferentes, Paolo Guerrero tem em Diego Forlán um outro adversário na escolha da equipe dos melhores estrangeiros colorados. O ideal até é que formem um setor de três homens, junto com Villalba. O uruguaio, mesmo sendo melhor jogador da Copa do Mundo de 2010, não teve uma repercussão internacional tão estrondosa quando chegou ao Beira-Rio em 2012. Talvez tenha faltado naquele momento a participação do clube na Libertadores seguinte. Ainda assim, ele fez aquilo que é cobrado do peruano, sendo campeão gaúcho e marcando gol em Gre-Nal. A retomada do futebol, sabe-se lá quando, pode até afirmar Guerrero como alguém maior do que Forlán para o Inter, mas o atual centroavante, independentemente disto, já está na história colorada, e como um dos melhores.