Ao longo da história, times vencedores são compostos por jogadores qualificados em vários setores do campo. Mesmo assim, sempre terá o atleta que capitaneia o grupo. Isso não se resume a faixa de capitão no braço, mas a quantidade de vezes que o profissional decide e desequilibra partidas importantes a favor do clube.
Nos mais de 110 anos de história, tivemos o Inter de Escurinho, Bodinho, Figueroa, Falcão, Fernandão, D’Alessandro e outros nomes que marcaram em sua passagem com a camisa colorada. Esse tipo de jogador não aparece frequentemente. Normalmente, são figuras que marcam décadas inteiras por conta da relevância que criam.
É indiscutível que o Inter tem apresentado um futebol de brilhar os olhos neste início de ano. A lucidez da equipe treinada por Eduardo Coudet encanta e traz esperança para torcida colorada na atual temporada. Claro que a maioria dos confrontos não representam o nível dos adversários que encontraremos até o final de 2024. O único grande teste foi o Gre-Nal e, mesmo com todas as dificuldades que englobam o universo do clássico, a equipe venceu e convenceu em sua atuação.
Para explicar a confiança do torcedor colorado, é necessário fazer o paralelo entre os times do ano passado e o atual. Ainda sob comando de Mano Menezes, não era possível encontrar nenhum tipo de evolução do grupo, mesmo quando do outro lado estavam os adversários do Interior. A forma que jogamos hoje é um indicativo de como as coisas podem funcionar quando as competições afunilarem e a dificuldade chegar ao seu nível mais alto.
Vejo o Inter funcionando coletivamente e, ao mesmo tempo, com grandes destaques individuais. Esses fatores são concomitantes. Quando o conjunto funciona, os jogadores crescem na sua individualidade e o processo contrário traz benefícios para o grupo como um todo. Vários atletas estão passando por esse processo atualmente e, por isso, o futebol colorado está fluindo de forma tão natural. Mas será que conseguimos destacar os melhores?
Atualmente, dois atletas estão em uma prateleira diferente em relação aos outros. Alan Patrick está se notabilizando como peça-chave desse Inter em qualquer cenário. Ele é o responsável por fazer o time funcionar. Porém, tem um nome que eleva tudo dentro do Beira-Rio: Enner Valencia. O equatoriano é sensacional. Estamos acompanhando um atacante diferente de tudo que vimos por aqui nos últimos anos.
Podemos separar os tipos de jogadores por estilo. Temos os craques da bola, que organizam jogo no meio, líderes, sanguíneos e Enner, que se encaixa entre os “monstros”. Nosso atacante é destemido, de mentalidade forte e físico imponente. A sensação assistindo aos jogos do Inter é que ele arrasta a marcação adversária com muita facilidade. Essas características aparecem em qualquer tipo de confronto, em uma partida de Gauchão ou disputa pela Libertadores da América.
Destacar Enner não é uma forma de diminuir o que outros jogadores estão fazendo. Mas qualquer grande time tem seu expoente técnico. Com certeza, Valencia está nessa posição. Nem mesmo os gols perdidos contra o Fluminense ano passado seguraram o seu ímpeto. Enner Valencia está acostumado a vencer e ser decisivo. Tudo indica que no Inter não será diferente. Quem sabe lá no futuro chamarão o time atual de “O Inter de Enner Valencia”.