Na campanha eleitoral de 2020, Alessandro Barcellos prometeu 40% de jogadores formados na base no elenco e, no mínimo, quatro no time titular. Hoje a realidade é muito diferente. O time ideal não conta com nenhum "cria" e apenas Anthoni, Matheus Dias, Gustavo Prado e Lucca figuram no elenco principal.
A verdade é que o trabalho realizado nos últimos anos, contando os anteriores ao início da gestão Barcellos, não foi bom. Pouco se aproveitou no time principal. Johnny, a última grande venda, chegou ao Beira-Rio há nove anos. O clube parou de formar jogadores de "primeira linha" e, quem consegue chegar ao profissional, esquenta banco para os reforços que vem de fora, a pedido dos técnicos que preferem jogadores mais "cascudos".
Aqui está o principal ponto. A política de futebol prometida é soterrada pelo desejo dos treinadores que entram e saem. Mas os técnicos estão errados? Não! Nem eles, nem Barcellos. A pressão por resultados imediatos é muito grande.
Como torcedor, não me interessa onde o jogador foi formado, ainda que eu entenda que a identificação com a camisa colorada seja muito importante. Entretanto, eu prefiro os bons jogadores. E se eles não estão na base, que venham de fora.
Alguns colegas criticaram a contratação do volante Fernando, que fará 37 anos em julho. A pergunta que eu faço é: tem alguém melhor que ele na base? Não? Então, contrata.
Evidentemente que o clube não pode abandonar a política de formação de jogadores. Mas é preciso mudá-la. A saída de Gustavo Grossi e a chegada de Jorge Andrade indica a insatisfação com os resultados. O trabalho que começa a ser desenvolvido visa aumentar o número de crias do celeiro no elenco principal.
Na últimas grandes conquistas, o Inter sempre teve jogadores formados na base entre os titulares. Edinho e Sóbis naLibertadores de 2006, Luiz Adriano e Pato, no Mundial do mesmo ano. Renan, Sandro, Taison, Sóbis e Damião no bi da América, em 2010. Sandro e Nilmar no título da Sul-Americana de 2008. Todos essas são ótimos exemplos.
Além de Anthoni, Matheus Dias, Gustavo Prado e Lucca, Coudet está de olho em Gabriel Carvalho, Yago Noal e Ricardo Mathias, joias de uma geração mais nova, a sub-17. Mathias pode ficar no banco contra o Juventude, na próxima segunda-feira (25). Mas eles não vão resolver o problema agora.
O imediatismo não pode fazer com que esqueçamos da nossa história. O trabalho em Alvorada precisa de mais investimento para que o Inter forme mais craques. Mas se não há o que colher neste momento, não podemos recusar os bons frutos que vem de fora. A origem da colheita é menos importante do que a qualidade e a idade.
E a promessa de Alessandro Barcellos? Ninguém vai lembrar dela se o Inter for campeão.