Ficaram algumas lições do Alfredo Jaconi para o Inter não repetir no Beira-Rio. O empate em 0 a 0 com o Juventude, que deixou a disputa aberta para a partida de volta, poderia ter sido diferente se a equipe de Eduardo Coudet tivesse aproveitado melhor as oportunidades criadas ou se tivesse escapado das arapucas de Roger Machado.
Em determinado momento do jogo, os colorados ficaram amarrados pelos jogadores do representante da Serra. E até passaram algum sufoco. A seguir, veja alguns pontos que o time terá de melhorar para avançar à decisão do Gauchão.
Desperdício de chances
Contra o Juventude, o Inter sofreu no segundo tempo, é verdade, mas teve as melhores chances de gol da etapa inicial. Valencia foi o responsável por duas delas, uma arrancando, ganhando do zagueiro e parando ao tentar driblar Gabriel Vasconcelos; a outra recebendo de Alan Patrick e chutando em cima do goleiro. Mauricio teve a terceira, já nos instantes finais. Ao todo, foram nove finalizações, quatro na direção do gol.
Segundo o Sofascore, o XG (sigla, em inglês, para gols esperados) colorado foi maior do que o do Juventude. Ou seja, o Inter esteve mais próximo de marcar do que o adversário. Para o ex-centroavante Grafite, que comentou o jogo de ida pelo SporTV, é preciso ter mais concentração na frente do goleiro:
— Os erros ocorrem por vários fatores. O momento do atacante, se é bom ou ruim, é um deles. Às vezes, o jogador perde chances porque está displicente ou desconcentrado. E quando isso ocorre em jogo decisivo, fica mais marcado, como o caso do Valencia contra o Fluminense. Mas um jogador experiente e talentoso como ele não deve sentir esse peso maior.
Marcação alta do Juventude
Pela primeira vez na temporada, o Inter encontrou um time que lhe sufocou desde a defesa. O time não conseguia sair com jogo limpo, trocando passes na defesa, avançar com a posse de bola. Todos os demais adversários que enfrentou (e aí estão incluídos Grêmio e oponentes da Copa do Brasil) baixaram as linhas e tentaram espaço em contra-ataques. Isso dificultou a estratégia colorada.
Para o jogo da volta, o normal seria o Juventude se retrair. Jogo no Beira-Rio, empate levando a pênaltis, pressão de possíveis 40 mil colorados. Mas Roger Machado avisou na última entrevista coletiva:
— Vamos tentar manter a mesma postura em Porto Alegre, independentemente das peças que temos. Não podemos deixar o Inter nos empurrar para o campo de defesa. A disputa está completamente aberta.
O desafio colorado será superar essa marcação alta e sobreviver à intensidade do Juventude. Quando a bola foge da primeira pressão ou quando o adversário cansa, a tendência é de escapar com mais espaço para o ataque.
Atenção a Alan Patrick e Mauricio
Aránguiz e Alan Patrick fizeram suas piores partidas pelo Inter. Mauricio até conseguiu algumas vantagens pessoais. Wanderson menos. Bruno Henrique ficou sobrecarregado. E assim, faltou criatividade ao time de Eduardo Coudet.
Bem marcada pelo Juventude, a equipe gerou menos oportunidades do que costuma. Não encontrou os espaços habituais. Para o narrador da Rádio Gaúcha Marcelo De Bona, que esteve no Alfredo Jaconi, o jogo da volta exigirá mais participação dos meias colorados.
— Aránguiz foi anulado pela marcação alta do Juventude. A solução me parece ser baixar Alan Patrick para a segunda linha e ter mais gente no meio para trabalhar a bola. Na primeira partida, Mauricio e Wanderson jogaram pouco porque Alan Patrick participou menos do jogo. No Beira-Rio, pode descer para ajudar nessa construção.
A presença mais constante do capitão será necessária porque como Valencia ainda se recupera de dores no pé e é dúvida, e Alario está fora da partida por conta de uma lesão no joelho, o Inter deverá ter Lucca no ataque. E o jovem precisará ser mais abastecido do que os companheiros para incomodar a defesa adversária.