Os movimentos do presidente Jair Bolsonaro na busca por um novo partido não é isolado, mas diz muito sobre a erosão de alguns dos antigos pilares da democracia representativa. Em nenhum momento se discute afinidades ideológicas, ideias ou projetos de pais.
O que está em jogo, unicamente, é a perspectiva eleitoral imediata. Bolsonaro poderia escolher entre uma dezena de legendas ou até mesmo fundar uma nova. Isso não mudaria absolutamente nada na agenda do governo. Talvez um que outro cargo, no máximo.
Houve um tempo que os partidos políticos eram os porta-vozes das visões de mundo, das utopias, das transformações e dos valores mais amplos da sociedade. Hoje, com a possibilidade da auto representação proporcionada pela tecnologia, o apelo perdeu a eficiência e o charme.
As pessoas se organizam de outras formas, mais orgânicas e capilarizadas. O modelo antigo ainda engaja, especialmente quem milita nessas estruturas, mas a transformação é inegável. A imensa maioria dos partidos hoje representa quase ninguém.
Restaram as funções burocráticas de credenciamento junto ao fundo eleitoral e de inscrição para a disputa das eleições. A maior prova disso é o que presidente está há quase dois anos sem partido e quase ninguém notou.