Existe um contingente gigantesco de eleitores pouco lembrados até agora. Ele é composto por quem não vai às ruas protestar, não veste verde-amarelo ou vermelho, e, menos ainda, posta textões nas redes sociais. É formado por milhões de brasileiros que rejeitam a radicalização de uma forma, paradoxalmente, radical: odeiam tanto Bolsonaro quanto Lula.
No Brasil, até a neutralidade é radical. Mas pode, justamente por isso, decidir e eleição presidencial caso se confirme a tendência de Lula e Bolsonaro no segundo turno. Esse é apenas um dos cenários possíveis nesse ambiente de volatilidade total e quando falta um ano para a eleição presidencial. Mas é uma possibilidade plausível.
O voto no país, faz tempo, é movido em grande parte pelo antagonismo. Vota-se contra um e não a favor do outro. Se essa lógica persistir - ao que tudo indica, persistirá - o próximo presidente do Brasil será o menos odiado capaz de derrotar o mais odiado. E durma-se com um futuro desses.