O jornalista Caio Cigana colabora com o colunista Tulio Milman, titular deste espaço
Situações inéditas ou pouco usuais nas relações entre empresas e consumidores causadas pela pandemia fizeram de 2020 um ano pra lá de movimentado no Procon de Porto Alegre. Os números de dezembro ainda não foram contabilizados, mas até novembro foram 2.146 notificações feitas, 57% acima de 2019 inteiro.
O aumento dos autos de infração foi ainda maior. Foram 876, crescimento de 130% em comparação com o ano anterior. As notificações ocorrem quando o Procon, contatado pelo consumidor, informa a empresa da queixa. Já os autos de infração são emitidos em um segundo momento, quando é verificada uma irregularidade, mas não há conciliação.
O secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico e Turismo da Capital, Vicente Perrone, revela que reclamações variadas explicam o aumento na procura pelo Procon. Entre elas, atrasos na entrega de mercadorias adquiridas no e-commerce pelo grande crescimento das compras pela internet, sem que as empresas tivessem estrutura adequada para atender à demanda repentina nos prazos prometidos.
Cancelamento de shows, de pacotes de viagem e de passagens aéreas também deram bastante dor de cabeça aos consumidores. Com mais pessoas em casa trabalhando e estudando, os planos de banda larga foram outra fonte de conflito. O mesmo ocorreu com os planos de saúde, por desentendimentos em relação a coberturas relacionadas à covid-19.
— Agora as coisas se acomodaram, estão mais tranquilas — diz Perrone, acrescentando que o pico da procura pelo Procon da Capital ocorreu entre abril e julho.