Se há uma coisa que os vereadores da Capital conseguiram até agora com o processo de impeachment contra Nelson Marchezan, é fortalecê-lo. Desde que, por esmagadora maioria, o Legislativo municipal decidiu que derrubar o prefeito era mais importante do que ajudá-lo no combate à pandemia, Marchezan vem obtendo vitórias na Justiça e amplos argumentos para qualificar o movimento como eleitoreiro e oportunista.
A pressa dos vereadores para votar o afastamento na arrancada do período eleitoral foi um gol contra. Os opositores do prefeito queimaram a largada, desperdiçando, antes do tempo alguns, energias que poderiam usar de forma muito mais eficaz durante a campanha.
Quem está igualmente tirando proveito da inabilidade e do açodamento dos vereadores é a também pré-candidata Manuela D'Ávila, que vem mantendo uma certa distância do lamaçal para projetar uma imagem leve e associada à solução dos problemas.
A Justiça tem seus ritos e peculiaridades, mas, ao que tudo indica, os inábeis inimigos do prefeito deram a ele tudo o que ele precisava: amparo legal para dizer que o processo de impeachment furou a fila das votações e que foi feito com pressa para garantir algum dividendo eleitoral.
E mais do que isso: tempo para garantir a presença na campanha eleitoral. É que acontece quando, na política, o fígado se sobrepõe ao cérebro.