Eles não usam máscara para se proteger da covid-19, porque não precisam. A família Bezerra-Lahorgue vive na Ilha Guernsey, território britânico no Canal da Mancha. Marco, Lisi e os filhos Xandi e Alicia são os únicos gaúchos por lá.
Morar longe do Rio Grande do Sul não é novidade. Publicitário premiado e reconhecido, Marco já trabalhou na Alemanha, em Dubai, na Suécia, na Holanda e até em Porto Alegre. Agora, exerce o cargo de diretor de criação e líder de inovação da empresa Specsavers, uma multinacional do ramo ótico com forte presença na Europa e na Oceania.
Viver em uma ilha tranquila e com 60 mil habitantes é uma experiência única, relatam. Mas isso não impediu que o coronavírus chegasse por lá no começo do ano. Quando os casos começaram, as autoridades locais decidiram por um lockdown até que todos se curassem. A partir daí, cada família virou uma espécie de bolha de convivência. Depois de algum tempo, cada bolha poderia escolher uma outra para conviver. Depois, essas duas bolhas poderiam se encontrar e confraternizar com mais duas. Foi assim sucessivamente, até que a ilha virasse toda uma bolha só, sem nenhum caso registrado há três meses. Quem vem de fora é testado e fica em quarentena, o que garante a segurança de todos.
A família não abandonou os hábitos gaúchos, embora tenha precisado adaptá-los. O churrasco, por exemplo, virou um sofisticado ritual de defumação, pilotado por Marco e compartilhado nas suas redes sociais. Em casa, só se fala português e a saudade do pago é compensada pela segurança e tranquilidade de viver em um região pacata, mas a menos de uma hora de voo de Londres e a 2h50min de Paris.
Marco conta que, apesar de ninguém usar máscara da ilha, todas as determinações – do lockdown ao esquema das bolhas – foram rigorosamente respeitadas e cumpridas pela população, o que certamente foi decisivo para que, agora, a vida tenha voltado ao normal.