Quando pensamos em UTIs, em geral imaginamos camas hospitalares cercadas de equipamentos. Nessa lógica, bastaria o prefeito, o governador e o presidente abrirem o cofre e...abracadabra! Problema resolvido. Infelizmente, não é tão simples assim.
Uma UTI precisa de profissionais altamente especializados. Apenas um dos procedimentos, bastante comum, aquele em que o paciente tem que ser virado de barriga para baixo, necessita de seis pessoas durante cerca 15 minutos, isso quando tudo dá certo.
Na média, cada dois pacientes exigem um técnico. Um enfermeiro e dois médicos conseguem cuidar de 10. Em turnos que precisam cobrir as 24 horas do dia.
Por isso, não adianta abrir hospitais de campanha e mais quinhentos leitos de UTI. Não há gente para trabalhar. Até porque o aumento da pressão sob as equipes, hoje sentida em várias cidades gaúchas, eleva os riscos de contaminação, de estresse e de consequente afastamento. Some-se a essa conta que não fecha os profissionais de saúde que pertencem aos grupos de maior risco e já estavam afastados dos hospitais.
Há também limites de medicamentos, como os anestésicos usados para entubação, que estão em falta no mercado mundial. Abrir novas vagas em UTIs – que ficarão vazias por falta de pessoal para trabalhar – e bater fotos para acalmar os eleitores é fácil. Difícil é evitarmos que o desgraçado do vírus se espalhe. Porque aí, o inferno não são os outros.