Existem dezenas de doenças no mundo que não têm cura. E que, provavelmente, nunca terão. Elas apresentam uma característica em comum: incidem em poucas pessoas. Síndromes raras e complexas que exigiriam bilhões de dólares em pesquisa e que, mesmo se descoberta alguma cura, arrecadariam pouco ou quase nada em remédios, que custariam tanto que se tornariam impagáveis.
Há uma subcategoria nas doenças incuráveis: as que ainda não têm remédio, mas afetam muita gente. Para essas, é só uma questão de tempo. Neste instante, os melhores cérebros e as melhores máquinas do planeta trabalham para descobrir primeiro e patentear fórmulas capazes de acabar, por exemplo, com os cânceres que ainda matam milhões.
Esse novo coronavírus que surgiu na China assusta o mundo. Não se sabe ainda o que é alarmismo e o que é verdade, mas o planeta está de prontidão. Por isso, pode apostar, grandes laboratórios desenham seus projetos de pesquisa, se é que alguns já não estão com a mão na massa. Consta que os russos estão na frente, mas certamente haverá disputa. Quanto mais gente infectada e quanto maior o pânico, maior o potencial de retorno – e maior o investimento.
Por isso, tenho certeza de que, se o surto for mesmo grave e se transformar em pandemia, acharemos uma solução. E não deve demorar. Então, as ações de alguns laboratórios irão disparar na bolsa. A vacina chegará primeiro à rede privada e custará caro. Apenas quem tem dinheiro conseguirá se proteger em um primeiro momento, para só depois o preço baixar, quando a conta já estiver paga e o lucro garantido. São os paradoxos de uma lógica de saúde que, ao ser tão boa, é, ao mesmo tempo, má.