Mesmo com alguns avanços na área econômica, o governo Bolsonaro não conseguiu, quase um ano depois da sua posse, estancar a ferida do desemprego. Os dados do IBGE apontam que 12,4 milhões de brasileiros estão parados, dado similar ao que serviu de base para qualificar o último governo petista como "desastroso". Há quem argumente que ainda é cedo, que medidas estruturais levam tempo para fazer efeito. Mas não há país que consiga conviver por períodos longos com 11,6% de sua força de trabalho ociosa.
Mais do que números, a situação traduz dramas humanos que pressionam famílias e comunidades assoladas pelo encolhimento do poder de compra. Até mesmo o esperado crescimento do PIB, embora lento, de nada serve se for resultado de concentração e não de distribuição.
A falta de emprego é combustível social altamente inflamável e, também por isso, precisa ser encarada com urgência e seriedade. O governo Bolsonaro parece saber disso, embora não tenha conseguido, até agora, avançar nesse ponto fundamental para o bem-estar do país e de seus cidadãos. Há obstáculos externos, mas um dos principais está na constante geração de conflitos pelo presidente e por seu círculo mais íntimo. O mercado se alimenta de confiança que, por sua vez, não combina com instabilidade. Para investir e gerar empregos, precisamos de menos bravatas e de mais esforços na consolidação de um ambiente seguro para empreender.