Domingo tem eleições. Os conselheiros tutelares são, muitas vezes, os primeiros a acolher crianças e adolescentes vítimas da violência. Em dois anos, 445 gaúchos com menos de 18 anos foram assassinados no Rio Grande do Sul. O número mostra que a rede de apoio, embora exista, é falha. O caso Bernardo é o maior exemplo disso, mas não é o único. Por isso, votar para conselheiro tutelar é bem mais importante do que a invisibilidade do tema faz parecer.
Na eleição passada, menos de 2% dos porto-alegrenses aptos a votar compareceram às urnas. No Interior, o índice foi maior, mas não muito. Esse ano, graças a iniciativas como a da OAB, o assunto entrou na pauta. O desinteresse da sociedade criou o vácuo para que os conselhos tutelares fossem contaminados – nem todos, mas muitos – pela política partidária. É legítimo que um ativista social se credencie para a disputa de cargos públicos, depois que seu trabalho for efetivamente reconhecido. O que ocorre hoje é que a atenção às crianças e adolescentes virou trampolim para emprego de vereador, o que tira o foco do exercício do mandato original – o de conselheiro tutelar.
Um conselheiro tutelar deve ter preparo técnico e humano para lidar com um público vulnerável. Em nome disso, deve estar pronto para comprar brigas e desagradar instituições e pessoas. Não é uma tarefa fácil. Por isso nós, eleitores, estaremos contribuindo com o futuro se dedicarmos alguns minutos à pesquisa dos currículos e dos perfis dos candidatos. Votar no melhor deles, depois disso, seria um ato gigante de cidadania.