Depois de mais de um ano vazio, o Instituto de Educação General Flores da Cunha voltou a ter conversa em sala de aula, gente circulando pelos corredores, movimento no pátio. Nada de estudantes e professores por enquanto. Tratam-se dos 30 profissionais que trabalham na restauração de uma das construções mais icônicas da capital gaúcha.
As obras foram retomadas por uma nova construtora, em outubro, e agora começam a ganhar corpo. Quem passa pelo lado de fora ainda vê um prédio com paredes pichadas e janelas quebradas, tomado pelo mato. Mas do lado de dentro, o ritmo de atividades é intenso.
As portas e janelas – que, enfileiradas, cobririam a extensão de um quilômetro quadrado – foram retiradas e passam por um processo artesanal de recuperação.
O assoalho foi recolhido para a colocação de barrotes novos. Mas a aparente bagunça é só impressão. Todas as tábuas e aberturas são catalogadas de tal maneira que retornem para a sala original.
A estrutura metálica no teto, alvo de críticas por descaracterizar a fachada, deve ser mantida um pouco mais de tempo. É fundamental para garantir a proteção contra a chuva enquanto a troca das telhas é realizada. A infiltração de água foi responsável por boa parte da deterioração do prédio, de 1935.
A retomada da reforma não deixa de ser um alento em um Estado em que a população se acostumou a ver obras interrompidas no meio do caminho serem esquecidas pelo poder público. O próprio Instituto de Educação quase foi levado ao ocaso em 2017 quando o contrato com a vencedora da primeira licitação foi rescindido pelo Piratini devido a atrasos no cronograma.
A demora na entrega levou o RS a perder o empréstimo do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – previstos inicialmente para o pagamento da reforma. Orçada em R$ 22 milhões, a obra agora será financiada por meio do Fundo Nacional de Educação e deve ficar pronta em abril do ano que vem.
A Concrejato Engenharia, empresa do Rio de Janeiro vencedora do segundo certame, pode ser considerada uma especialista em restauração de prédios. No currículo, a recuperação da Biblioteca Nacional, do Museu de Arte do Rio e do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.