Lá pelas tantas, tive aquela nítida sensação de déjà-vu. É como se eu estivesse vendo a reapresentação de um programa que já conheço. Preponderaram as velhas pautas no debate da RBSTV, mediado com discrição e competência por Elói Zorzetto.
O mais incrível é que os partidos de todos ali, com exceção do PSOL, já passaram pelo Piratini. Ouvindo-os, parece que chegaram ontem de uma galáxia anos-luz mais civilizada. Só os outros erraram.
A troca de farpas e o vendaval de promessas pode ser resumida em um verbo: “patinar”. Enquanto o mundo debate globalização, inteligência artificial e futuro do trabalho, nossos candidatos a governador só concordaram em um ponto: discordar uns dos outros.
Adoraria ter desligado a TV pelo menos com a impressão de que os políticos que se apresentam para nos governar convergiram em algum ponto, que tivessem assumido uma mísera bandeira em comum. Mas não. Parece que a política se transformou na arte da divergência, onde o que importa é marcar posição e desqualificar o outro.
Já vi esse filme. Pagar salários em dia, neoliberalismo, futuro do Banrisul, remuneração do magistério, incentivos fiscais, aumento de ICMS, violência, acusações de “faltar com a verdade”. Até a saída da Ford emergiu do passado. Brizoletas, Lei Kandir, nós contra eles, FHC, "tu és amigo do Aécio e eu não", "vocês são ruins, eu sou bom".
Foi assim que paramos onde estamos. O debate escancarou a nossa incapacidade de resolver problemas antigos. Mas somos bons nos dedos em riste, nas defesas previamente ensaiadas e nas boas intenções. Foi um debate verdadeiro e revelador.