A dica para este fim de semana é fazer um programa duplo nos cinemas de Porto Alegre, com dois filmes que são totalmente diferentes um do outro — além de se distinguirem bastante em relação às obras que estamos habituados a assistir.
Um deles acabou de estrear, O Dia que te Conheci (2023), com sessões no CineBancários, no Espaço Bourbon Country e na Sala Eduardo Hirtz.
O outro, A Substância (The Substance, 2024), está na sua segunda semana de exibição, no Cinemark Barra, no Espaço Bourbon Country e no GNC Moinhos.
O Dia que te Conheci é uma comédia romântica nada hollywoodiana, e A Substância não tem pudor para agredir, cortar, deformar, perfurar e extrair sangue dos corpos.
Ambientado na região metropolitana de Belo Horizonte, entre paradas de ônibus e bares de rua, O Dia que te Conheci traz corpos que não costumam aparecer nesse tipo de filme — negros, periféricos e fora do peso considerado padrão. Ambientado em Hollywood, entre apartamentos luxuosos e estúdios de TV, A Substância é sobre como os corpos femininos costumam aparecer — para serem comoditizados, vendidos, desvalorizados e descartados.
Dirigido, escrito e editado pelo mineiro André Novais Oliveira, O Dia que te Conheci dura apenas 70 minutos, mas não tem pressa, apostando em planos longos e no naturalismo dos diálogos.
Dirigido, escrito e coeditado pela francesa Coralie Fargeat, A Substância dura o dobro, 140 minutos, mas é como se fosse uma montanha-russa, apostando em curvas sinuosas na trama e nos efeitos visuais e sonoros.
O Dia que te Conheci aborda com leveza assuntos sérios, como o racismo estrutural e a depressão.
A Substância aborda com crueza assuntos sérios, como a obsessão pela aparência e o etarismo.
O Dia que te Conheci conta uma história sobre aproximação, e A Substância conta uma história sobre cisão.
A beleza de O Dia que te Conheci está no retrato do corriqueiro.
A beleza de A Substância está no retrato do grotesco.
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