Morto aos 61 anos, nesta segunda-feira (11), Andre Braugher fez uma carreira de sucesso nas séries, atuando em títulos que renderam vitórias ou indicações ao Emmy, como Homicídio (1993-1999), Gideon's Crossing (2000-2001), Thief (2006), Men of a Certain Age (2009-2011) e Brooklyn Nine-Nine (2013-2021). No cinema, há pelo menos um grande filme que traz o ator estadunidense no elenco: O Nevoeiro (The Mist, 2007), adaptação do diretor Frank Darabont para uma história do escritor Stephen King, disponível no Amazon Prime Video.
O Nevoeiro foi a quarta parceria entre Darabont e King, depois do curta The Woman in the Room (1983), de Um Sonho de Liberdade (1994) e de À Espera de um Milagre (1999). O filme é baseado em conto do livro Tripulação de Esqueletos (1985) e ambientado em uma pequena cidade do Maine, nos Estados Unidos.
Logo após uma tempestade, o lugar é encoberto por uma estranha e densa névoa. Ocultas na neblina, criaturas começam a atacar os moradores. Um grupo de sobreviventes se refugia em um supermercado, e ali diferentes personalidades, em meio à luta pela vida, protagonizam conflitos entre si.
O microcosmo social representado pelo grupo inclui o sujeito que se alça à posição de líder (papel de Thomas Jane), o valentão pouco iluminado (William Sadler), uma religiosa fervorosa (Marcia Gay Harden) que promove a discórdia ao ver na situação o anunciado apocalipse, um cético que é seu contraponto (o personagem de Andre Braugher) e aquele (Toby Jones) empenhado na tarefa de apaziguar os ânimos em nome do objetivo comum, que é entender o que se passa e permanecer em segurança.
Neste tenso ambiente, O Nevoeiro mostra que os seres humanos, quando tentados a liberar seus piores instintos, podem ser tão perigosos quanto as criaturas desconhecidas que aniquilam os que estão do lado de fora.
ALERTA DE SPOILER.
Para mim, O Nevoeiro tem um dos finais mais dilacerantes da história do cinema, uma das reviravoltas mais marcantes.
REPITO O AVISO SOBRE SPOILERS.
Ainda sob a cerração e movido pela desesperança, o protagonista mata os últimos sobreviventes, incluindo seu filho. Como não restava bala no revólver, ele é condenado a viver com essa dor terrível, expressada nos seus gritos. Mas então, à medida em que a lancinante canção The Host of Seraphim (1991), da banda Dead Can Dance, quebra o silêncio, tanques e caminhões rompem a neblina, e o personagem de Thomas Jane, atônito, descobre que os militares conseguiram derrotar os monstros.
Jamais vou esquecer o impacto dessa cena.