O livro vencedor do Prêmio Açorianos de 2015 de Literatura Infantil, A História Mais Triste do Mundo, de Mário Corso, vai virar um longa-metragem com roteiro e direção de Hique Montanari. É o mesmo realizador do premiado Yonlu (2017), baseado na história do adolescente porto-alegrense que era um multiartista (fotógrafo, desenhista e principalmente músico) e que se suicidou em 2006, com o auxílio de outras pessoas via chat virtual.
Marco, personagem principal da obra literária, é vendido pelos pais a um circo ainda enquanto criança. O menino divide a jaula com um leão, trabalha nas tarefas diárias do coletivo e participa dos espetáculos. Diante de amizades com pessoas muito diferentes e um contexto de abandono, o pequeno protagonista amadurece.
As filmagens estão previstas para o primeiro semestre de 2024, e a estreia deve ser em 2025. As produtoras são a Container Filmes LTDA e a Prana Filmes. Por e-mail, Montanari concedeu entrevista para a coa seguir via e-mail para a Coluna sobre o seu novo filme, previsto para ser lançado em 2025:
O livro é voltado ao público infanto-juvenil. O filme também será? Essa é uma faixa etária pouco contemplada na produção cinematográfica gaúcha, né? Por que você acha isso?
Sim, o público do filme continua sendo o mesmo do livro, o infanto-juvenil. Os produtores acreditam que, mesmo com esse recorte de público, o filme dialogará com outros públicos e das mais diversas faixas etárias e perfis. O imaginário que envolve o circo é algo que povoa as lembranças de vivências ou, ao menos, de referências de nós todos. Além disso, e já vindo do livro, o roteiro narra uma trajetória de descobertas e amadurecimentos de um garoto excluído dos afetos e cuidados da sua família, o protagonista Marco, e que viverá no circo no qual é entregue pelos pais as primeiras experiências dos sentimentos e conceitos de solidariedade, empatia, amizades sinceras, respeito às diversidades, superação de medos e um contundente “NÃO” à toda forma de violência, não ao preconceito e não à exclusão. Logo, não há como essas abordagens deixarem de atingir a todos pois refletem a nossa vida, o dia a dia de cada um de nós, a nossa cultura, educação e sociedade palpável e real. Acredito que filmes para o público infantojuvenil deverão surgir em maior número. É um público tão grande e diverso quanto qualquer outro, inclusive com janelas específicas e exclusivas de exibição. Se produções gaúchas têm pouco contemplado esse público é uma questão de projetos voltados para tal. Mas temos e teremos muito mais filmes infantojuvenis made in RS.
Você enxerga conexões entre o Marco, personagem do livro do Mário Corso, e o Yonlu, protagonista de seu filme anterior?
Não. Absolutamente nenhuma.
A abordagem da história será mais realista ou simbólica? O leão que dorme ao lado do protagonista será representado como?
O filme trará a universo lúdico e fantasioso do circo, esse mesmo universo que é o que temos como imaginários de visualidades dessas atrações. Embora baseado em realismo, trabalharemos simbolismos já que, por uma questão de estética e de linguagem, mas também de produção, iremos cenografar o circo em estúdio. Nossas cenas internas serão todas cenografadas em estúdio. Nossas cenas externas terão a cidade de Porto Alegre como seu palco, com seus parques, avenidas, agitação e movimentos urbanos. O filme utilizará multitécnicas na sua narrativa, tais como a live action (elenco real em cenário cenografado ou real), desenho animado e outros recursos que virão de inspiração nas artes cênicas, como bonecos manipulados, por exemplo. Não utilizaremos nenhum animal real nas cenas de circo. Eles serão em animação ou bonecos. Os únicos animais reais que utilizaremos serão alguns cães para as cenas finais do filme, nas quais Marco já estará morando na cidade grande e começará a ser passeador de cães.
Já há algum encaminhamento sobre o elenco do filme?
O elenco do filme, composto por elenco adulto, adolescente e infantil, será, na sua maioria, se não no todo, de grandes nomes das artes cênicas locais e gaúchas. Fora atores e atrizes, trabalharemos com artistas de técnicas circenses, de palhaçaria, entre outras, todos profissionais daqui.
Produção: Maria Clara Centeno