O Dia Mundial do Orgasmo é comemorado nesta segunda-feira, 31 de julho. A data foi criada em 1999, na Inglaterra, por uma rede de sex shops.
Para celebrar, fiz uma lista de 10 filmes com cenas de sexo picantes (ou, no mínimo, forte carga de erotismo) disponíveis em plataformas de streaming.
Ah, sim, tem uma obra famosa que faço questão de não recomendar: Azul É a Cor Mais Quente (2013). Explico o porquê nesta coluna aqui.
1) O Império dos Sentidos (1976)
De Nagisa Oshima. Em 1936, no Japão militarista, ex-prostituta (Eiko Matsuda) envolve-se em um caso de amor obsessivo com o chefe da propriedade onde ela vai trabalhar como empregada. Os dois realizam todas as suas fantasias sexuais. Considerado um marco nas cenas de sexo explícito no cinema de arte, incluindo um estrangulamento e uma castração, o filme causou escândalo na época. (Canal Telecine do Amazon Prime Video e do Globoplay)
2) Corpos Ardentes (1981)
De Lawrence Kasdan. Este filme fazia sucesso no tempo das videolocadoras, mas não só pelas cenas estreladas pela atriz Kathleen Turner. Durante uma onda de calor na Flórida, Ned Racine (William Hurt), um advogado conhecido pela negligência, fica obcecado pela personagem de Turner, a loira Matty Walker, que ele conhece na praia à noite. Ela conta que é casada e foge. Mas Racine não desiste dela e acaba enredado em uma trama típica do cinema noir, que também traz no elenco Richard Crenna, Ted Danson e Mickey Rourke. (HBO Max)
3) Ela Quer Tudo (1986)
De Spike Lee. Nola Darling (Tracy Camilla Johns) é uma jovem nova-iorquina que se divide entre três amantes: Jamie (Tommy Redmond Hicks), o rapaz comum de classe média baixa de Brooklyn, o endinheirado e bombado Greer (John Canada Terrell), e o agitado e zombeteiro Mars (vivido pelo próprio Spike Lee). Os três exigem que ela se decida por um deles, mas Nola diz que não é "mulher de um homem só". Filmado em preto e branco, Ela Quer Tudo apresenta uma identidade audiovisual diferente para cada parceria sexual, de acordo com as personalidades dos personagens: a sequência com Jamie é em câmera lenta e com trilha de jazz; com Greer, há vário cortes sincronizados com uma batida afro; e closes extremos marcam os momentos com Mars. (Netflix)
4) Instinto Selvagem (1992)
De Paul Verhoeven. Então com 34 anos, Sharon Stone tornou-se um dos maiores símbolos sexuais de Hollywood graças a este suspense ambientado em San Francisco. Ela interpreta a escritora Catherine Tramell, principal suspeita do assassinato de seu marido. Michael Douglas faz o detetive Nick Curran, que investiga o caso e acaba se apaixonando por ela. Com altíssima voltagem erótica, Instinto Selvagem deixou pelo menos uma cena na história do cinema: a de Catherine cruzando e descruzando as pernas durante um interrogatório. (MUBI)
5) Amor à Flor da Pele (2000)
De Wong Kar-Wai. Talvez seja o filme mais sexy que não apresenta absolutamente nenhuma cena de sexo. A trama de In the Mood for Love se passa em Hong Kong, no início dos anos 1960, e acompanha a história de amor não consumado entre dois vizinhos, um homem (Tony Leung Chiu-Wai, eleito melhor ator no Festival de Cannes) e uma mulher (Maggie Cheung), cujos cônjuges estão tendo um caso. (MUBI)
6) Femme Fatale (2002)
De Brian De Palma. É um elogio à vocação voyeurística do cinema. Na abertura, De Palma rende uma homenagem à mulher fatal arquetípica: deitada numa cama de hotel em Paris, a ladra de joias interpretada por Rebecca Romijn assiste à platinada Barbara Stanwyck trair e matar o amante no final de Pacto de Sangue (1944), clássico noir de Billy Wilder. Laure, a sensualíssima protagonista de Femme Fatale, vai participar de um fabuloso roubo durante o Festival de Cannes — o que requer a sedução de outra mulher —, se casar com o futuro embaixador dos EUA na França (Peter Coyote) e virar alvo e algoz de um fotógrafo paparazzo, Bardo (Antonio Banderas). (Looke)
7) Desejo e Perigo (2007)
De Ang Lee. Situado durante a ocupação japonesa na China, este thriller de espionagem tem a Segunda Guerra Mundial como pano de fundo. Trata-se de uma trágica e comovente história sobre a impossibilidade do amor, a partir da aproximação de uma jovem ativista (Tang Wei) que integra a resistência chinesa com um político colaboracionista (Tony Leung) que trabalha para os japoneses — e que ela ficou incumbida de assassinar. Indicado ao Globo de Ouro de melhor longa estrangeiro e vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, Desejo e Perigo chocou alguns críticos dos EUA, que consideraram "explícitas" as cenas de sexo, que, segundo o diretor Ang Lee, equivalem às de luta em seu O Tigre e o Dragão: "Elas são vida e morte. É nelas que os personagens realmente mostram seu caráter". (Amazon Prime Video)
8) Ninfomaníaca: Volumes 1 e 2 (2013)
De Lars Von Trier. Cheia de cenas de sexo, como o título deixa entrever, a história é narrada em forma de flashback, como numa sessão de terapia em que Joe (Charlotte Gainbourg), uma mulher atormentada por seus desejos sexuais, narra sua perturbadora trajetória a um sujeito de vida pacata (Stellan Skarsgård) que a encontrou desmaiada na rua e a acolheu. O elenco inclui Stacy Martin (no papel da jovem Joe), Uma Thurman e Christian Slater. (Netflix)
9) Retrato de uma Jovem em Chamas (2019)
De Céline Sciamma. O filme se passa em uma ilha francesa, em 1776, quando uma pintora (Noémie Merlant) é contratada para fazer o retrato de uma garota (Adèle Haenel) prometida em casamento para um cavalheiro de Milão. A artista e a musa se apaixonam, mas esse romance precisa ser nutrido em silêncio. Aliás, uma das virtudes de Retrato de uma Jovem em Chamas, que recebeu o prêmio de melhor roteiro e a Palma Queer no Festival de Cannes, é investir bastante no som ambiente: o crepitar de uma lareira ou o estouro das ondas, o fogo como símbolo do desejo que cresce, o mar bravio como símbolo da perturbação emocional das personagens. (Canal Telecine do Amazon Prime Video e do Globoplay)
10) Seguindo Todos os Protocolos (2022)
De Fábio Leal. Em Recife, durante a pandemia de covid-19, Chico (interpretado pelo próprio Fábio Leal) tenta encontrar um meio de aplacar sua solidão. Mas como transar seguindo todos os protocolos sanitários?
Primeiro Chico busca um site de pornografia, depois, um encontro virtual com Ronaldo (Marcus Curvelo), de quem não vê presencialmente o sovaco já há muitos meses, agora que voltou a Salvador, mais adiante se encontra com um motoqueiro de app (Paulo César Freire) ou com um médico (Lucas Drummond). Convém avisar os mais pudicos: não há pudores em mostrar pênis. E Seguindo Todos os Protocolos tem um personagem cuja corpulência não está em debate nem é alvo de piada ou motivo de vergonha. Como bem resumiu o crítico Bruno Ghetti na Folha de S.Paulo, o diretor, roteirista e ator, "num misto de narcisismo e posição política, apresenta uma fisicalidade não normativa como merecedora de prazer". (Disponível para aluguel em Apple TV e Google Play)
Bônus
Pleasure (2021)
De Ninja Thyberg. É o filme que desnuda a indústria pornô. Embora não faltem cenas com pênis eretos e expostos, a ênfase está em indústria. No seu primeiro longa-metragem, a diretora sueca adota o olhar de uma atriz novata — interpretada com assombro pela estreante Sofia Kappel — para retratar o negócio do sexo explícito na Califórnia. Ganhamos acesso a bastidores que vão desde os termos de um contrato e uma espécie de glossário da profissão até as técnicas (ou mesmo improvisos) demandadas em uma produção. Pleasure acompanha a jornada de Bella Cherry, o pseudônimo artístico de Linnéa, garota de 19 anos que trocou a Suécia por Los Angeles em busca do estrelato. Mas até onde ela está disposta a ir? No fundo, este é um filme sobre as relações de poder no universo do trabalho. Sobre como podemos ser manipulados e sobre como nossas ambições podem nos dessensibilizar. No fim do dia, quem nunca se perguntou: vale a pena? (MUBI)